Choque de cultura

por Redação
Trip #284

Dar uma volta pela China pode proporcionar momentos surreais para alguém criado na cultura ocidental. Um time de brasileiros divide com a Trip suas histórias mais curiosas vividas no país

Flavia Aranha, 35 anos, estilista

“Fui ciceroneada na China por um casal que me levou aos melhores restaurantes. Em um deles, pediram uma bebida tradicional para a gente brindar. Quando me dei conta, estava bebendo um vinho curado em cabeça de cobra. Foi bizarro, mas tive que tomar, não tinha intimidade com eles para recusar. Em seguida, chegaram baratas e outros bichos bizarros para comermos. O que me salvou foi perceber que o marido era vegetariano. Consegui dizer que também não comeria aquilo.”

Hernanes, 34 anos, jogador de futebol

“Joguei na China entre 2017 e 2018 pelo Hebei CFFC. Em lugares com aglomerações e filas, se há um espacinho à sua frente, os chineses te empurram. E, nos aeroportos, é normal encontrar pessoas no chão, cortando as unhas dos pés.”

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Marcello Dantas, 51 anos, curador de arte

“Em 2013, voltei à China, estive com meu amigo Ai Weiwei, mas o momento mais curioso foi minha visita ao ateliê do artista Zhang Huan, perto de Xangai. Para se ter a ideia da dimensão do local, dá para atracar um navio ali. Fui andando com ele e começaram as loucuras: tinha um retrato do psicanalista dele feito com as cinzas do cara, uma coleção de 41 macacos enjaulados que ele utilizava em performances e uma outra de fetos humanos. De repente, me deparei com 17 tubarões vivos dentro de um tanque. Absolutamente peculiar, só na China uma coisa dessas pode acontecer.”

Isabel Alcantara e Silva, 40 anos, arquiteta

“O Temple Street Night Market, em Hong Kong, é super curioso. Uma barraquinha, em especial, onde havia várias gaiolas com sapos pulando, me chamou a atenção. O dono da barraca pegava um sapo, matava, cortava a carne com uma tesoura e jogava em uma panela, sem tempero nenhum. Depois de frito, ele servia, acompanhado de uma cerveja. Não tive coragem, muito menos vontade, de experimentar – fiquei só na cerveja. Mas foi uma experiência ver aquilo.”  

Daniel Oristanio, 33 anos, arquiteto de pistas de skate

“Fui quatro vezes para a China e me impressionou o fato de eles tirarem foto de não orientais o tempo inteiro, mesmo em cidades mais cosmopolitas, como Pequim. Em Xiam, que é menor, isso acontecia com uma frequência muito maior. Chegava a ser parado duas, três vezes por dia com pedidos de fotos.”

Lucas Marques, 32 anos, diretor de operações da Méliuz

“Nos nove dias em que estive na China, vi mulheres – das mais variadas idades – se reunirem em praças ou passagens públicas para dançar uma espécie de dance music chinesa. Espalhados por todos os cantos da cidade, os grupos seguem os movimentos de uma professora de maneira sincronizada. É bem divertido.”

Clóvis de Barros Filho, 53 anos, jornalista

“Um amigo havia me recomendado as maravilhas de uma massagem que tiraria todas as tensões dos pés. Cheguei em Pequim muito interessado e fui com a minha mulher a um lugar que parecia um labirinto, cheio de salas de massagem. Um chinês nos recepcionou falando em mandarim, tentei explicar que só ia fazer a massagem nos pés. Fracassei. Ele me deu uma bermuda rosa, coisa de filme, e assim nos deitamos nas macas. Entraram os massagistas, sendo que o dela era um rapaz de condição física comum e o meu era como um lutador de MMA. Ele fazia sinais com os dedos como se eu estivesse tenso, me avisou alguma coisa em mandarim e começou a me esmurrar, na parte de trás das coxas, nas costas, dando socos em sequência, por 50 minutos. Fiquei com sequelas da massagem por 15 dias. Curiosamente, minha esposa não tomou um soco sequer. Então, claramente não era um protocolo de massagem aplicado a qualquer um, mas a alguém com problemas muito específicos, que até hoje ignoro, e que, aparentemente, eram o meu caso.”

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Clarice Vitkauskas, 23 anos, modelo 

“Moro há um ano em Hong Kong e, na minha primeira semana aqui, fui comer em um restaurante bem tradicional. Sentei sozinha em uma mesa com duas cadeiras. Aí, um cara chegou e sentou na mesma mesa que eu. Levei um susto, mas ele agia normalmente. Olhei em volta e entendi que isso é normal aqui.”

Yasmin Machado, 24 anos, professora de inglês e português

“Uma coisa que me assustou logo que me mudei para a China, há três anos, foram as bundinhas dos bebês que ficam de fora na rua, já que as calças que eles usam são recortadas [a tradicional kai dang ku]. Você anda na rua e os bebês estão com a bundinha de fora e fazem cocô ali mesmo. É aberto, à vontade, à la vonté.”

Lucas Brand, 32 anos, cofundador do Pula Muralha, curso on-line de mandarim para brasileiros

“Me casei com uma chinesa na cidade de Yueyang. Diferentemente do Brasil, o álbum de fotos do casamento é feito antes da cerimônia – há uma sessão de fotos com os noivos, realizada semanas antes. São imagens que geralmente viram quadros enormes na casa do casal.”

Créditos

Imagem principal: Arquivo pessoal

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