A música como elemento de resistência

por Douglas Vieira

A Trip fala com Jaloo, Larissa Luz, Heavy Baile, Àttøøxxá, Nação Zumbi, Tássia Reis e Teto Preto

É muito comum lermos sobre caravanas partindo do Brasil todo em reportagens com gente que veio, às vezes de muito longe, em direção ao sudeste para estar em festivais como Rock in Rio e Lollapalooza. Mas o caminho inverso parece ser ainda muito mais longo, embora cada vez mais necessário. As notícias que vêm do norte e do nordeste ultimamente têm cada vez mais nos assustado — é o óleo nas praias o tema que domina o agora, mas faz pouco tempo era a Amazônia queimando. Junto de tudo isso, vem um sem número de frases nos espaços para comentários das reportagens, as quais demonstram que nós, brasileiros, não nos conhecemos. 

Neste contexto, um dos assuntos mais discutidos do ano foi a cultura e o lugar de importância que precisa ocupar na sociedade, incluindo sua capacidade de apresentar o Brasil aos brasileiros, uma vez que arte não tem fronteira, física ou de tipo algum. Expressões como a música desconhecem esse tipo de sentimento e são capazes de se infiltrar nas cabeças de pessoas que muitas vezes pensam diferente sobre o mundo.

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Trip e Tpm levaram essa discussão para o festival Se Rasgum, que realizou em novembro sua 14ª edição em Belém do Pará, no norte do Brasil, com shows que foram da consagrada Gal Costa às Rakta — a programação, confira aqui a de 2019, faz todo ano uma excelente amostragem do que tem de mais interessante na música brasileira. Por lá, os artistas, além de suas apresentações, quase sempre circulam pelo público. É um olho no olho que faz toda diferença, sempre.

Pensando sobre os festivais fora do eixo Rio-São Paulo como lugares de resistência, conversamos com Rafa Dias, do Àttøøxxá; Larissa LuzLaura Diaz e Loïc Koutana, do grupo Teto Preto Sabrina Ginga, dançarina do Heavy BaileTássia Reiso cantor paraense Jaloo; e Dengue, baixista da Nação Zumbi. É só clicar em cada nome e conferir, só ideia forte.

As entrevistas inauguram a série "Diálogos Culturais", em que visitamos eventos para discutir questões que extrapolam sua programação. Nesta viagem para Belém, imaginamos uma realidade em que a gente comece a ler reportagens sobre as pessoas saindo do sul e do sudeste com mais frequência para ir aos festivais que continuam crescendo no norte e no nordeste — dos já festejados de Recife Abril Pro Rock, Coquetel Molotov, Rec-Beat, Porto Musical, ao Radioca, que chegou ao 5º ano em Salvador, ou o BR 135, que já está na sétima edição no Maranhão, e muitos outros, que venham mais. Segue o baile!

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