O potiguar venceu a etapa de Pipeline é se tornou o terceiro surfista da Brazilian Storm a alcançar o topo do Circuito Mundial
Ítalo Ferreira chegou ao Havaí como líder do Circuito Mundial, posição que alcançou na etapa Peniche, em Portugal. A busca era ser o terceiro brasileiro a alcançar o topo em cinco anos, mas, para isso, tinha que superar o sul-africano Jordy Smith, o americano Kolohe Andino e os conterrâneos Filipe Toledo e Gabriel Medina, vencedor da World Surf League (WSL) em 2014 e 2018. E foi com Medina, depois de atropelar a lenda Kelly Slater na semi-final, que ele duelou na última bateria de 2019, quando completou dois tubos combinados com aéreos de alta intensidade, manobras que sempre marcam suas sessões, e sagrou-se campeão, para a explosão de alegria dos familiares e amigos, que vibraram a cada manobra da final.
Na areia, o potiguar, que em Pipeline também garantiu uma das duas vagas olímpicas do Brasil para Tóquio 2020, não segurou as lágrimas. A emoção marcava suas palavras e assim foi também durante a cerimônia da premiação, enquanto recebia os troféus que levou para casa: de campeão mundial e de melhor surfista do ano.
A vitória de Ítalo coroa uma trajetória que teve o talento à frente da estrutura, como tantos outros atletas da chamada Brazilian Storm, apelido que os americanos deram à talentosa geração de surfistas brasileiros que chegavam simultaneamente à WSL.
Filho de um vendedor de peixes em Baía Formosa, no Rio Grande do Norte, Ítalo começou a surfar com a tampa da caixa de isopor usada pelo pai para armazenar peixes. Depois, seguiu com o pedaço de uma prancha quebrada por seu primo. Mas nada disso vencia o talento do garoto, que acredita no surf como um esporte em que as limitações podem ser vencidas a qualquer momento. “Basta ter força de vontade. Meu pai tem 49 anos e foi pegar a primeira onda no ano passado. Depende só da pessoa”, acredita o surfista de 25 anos, que ganhou a primeira prancha inteira aos 11, passou a vencer torneios regionais e o resto acaba de ser anotado na história do esporte.
Para alcançar o espetacular momento desta quinta-feira em Pipeline, Ítalo, quando garoto, precisou persistir no sonho. O novo raio da "tempestade brasileira", assim como outros surfistas brasileiros que têm se destacado ano a ano, tem uma origem humilde e precisou vencer até alguma resistência da família, que se preocupava com o sustento. “Só meu avô que me acobertava e dizia que eu ia ser campeão um dia. Tinha muito preconceito com o surfe”, conta o melhor surfista de 2019 do Circuito Mundial.
Créditos
Imagem principal: Kelly Cestarii/WSL via Getty Images
Colaborou: Fernando Poffo