A arte de escutar

por Cleiton Campos

#TripTransformadores2014: William Ury, pacificador profissional, dá a receita da harmonia

Qual é o maior inimigo da paz mundial hoje? O terrorismo? A fome? O aquecimento global? Nada disso: “O medo é o maior inimigo”, declara enfático William Ury, um dos mais disputados mediadores de conflito do mundo, nos bastidores, pouco antes de subir ao palco do evento que deu inicio ao Trip Transformadores 2014. A plateia que lotava o auditório do Instituto Tomie Othake teve a oportunidade de ver o encontro entre Marcello Dantas, uma das mentes criativas mais inquietas do Brasil, com Ury, que tem a paz por profissão. 

É claro que transformar o mundo através da promoção da harmonia é uma tarefa extremamente complexa, mas Ury parece encarar o desafio com leveza e fé na humanidade, para ele, a receita é simples: ouvir.  “Na era da comunicação, onde todos têm voz, todo mundo tem uma necessidade de falar e se expressar, mas poucos querem ouvir. Sonho com uma sociedade que saiba ouvir”, nosso convidado voltou neste ponto mais de uma vez. Comparou saber ouvir com uma técnica a ser desenvolvida. “É como aprender português ou gramática, as pessoas devem ser incentivadas a ouvir, porque ouvir é o jeito mais barato de prevenir uma guerra”. 

Com a experiência de quem cresceu e se formou antropólogo durante a Guerra Fria, para ele toda guerra pode ser prevenida. “Conflitos sempre começam em uma escala muito pequena, a Primeira Guerra Mundial, por exemplo, começou com um conflito localizado, que foi crescendo aos poucos e culminou em um conflito mundial. Ury citou também outro fator: humilhação e exclusão. “Quando um grupo se sente humilhado e excluído, certamente haverá conflito. Só há um jeito de resolver o problema da exclusão, incluindo.

William não atua somente no campo diplomático, no bate-papo, ele citou o exemplo de quando foi chamado a mediar o conflito entre Abílio Diniz e o grupo francês Casino, que comprou o Pão de Açúcar. Para isso, conta que perguntou ao empresário “Abílio, o que você realmente deseja?”, e a resposta, foi “liberdade”. A partir deste episódio, a conversa entre as partes interessadas começou a progredir. Para ele, não há questão que não possa ser resolvida na base do diálogo. "A humanidade é uma família e, em toda festa de família, há também os conflitos. o segredo é ouvir o outro para que possamos conviver em paz”, finaliza Ury, mostrando que é, sim, possível transformar o mundo em um lugar mais tranquilo.

Vai lá: Leia também as Páginas Negras de William Ury.

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