A importância de projetos socioambientais para uma beleza de futuro
O mundo está em constante transformação, e sabemos que não dá para mudar sem pensar em projetos de impacto socioambiental. Já temos vários brasileiros olhando para essas questões, tirando do papel planos que levam a sociedade a um lugar melhor. A seguir, você confere alguns projetos e, quem sabe, se anima para entrar nesse movimento e executar a sua ideia. Inspire-se e saiba como viabilizá-la:
Cabeça e copo cheios
Ser empreendedora no Brasil não é fácil. Ser cientista e querer empreender na área socioambiental, mais complicado ainda. Mas não houve dificuldade que conseguisse barrar Anna Beserra, fundadora e CEO da empresa Sustainable Development & Water for All (SDW). Nascida em Salvador e ciente da realidade do semiárido brasileiro, aos 15 anos ela criou o Aqualuz, equipamento que trata água de cisternas por meio da radiação solar. Não encontrou quem apoiasse o projeto, mas continuou procurando formas de ajudar os 35 milhões de brasileiros que não têm acesso à água potável, segundo o Ranking do Saneamento, do Instituto Trata Brasil. A preocupação tinha um motivo bem forte: a falta de água potável e saneamento básico é uma das principais causas de mortalidade infantil no mundo, de acordo com a OMS. Na faculdade, se juntou a colegas e melhorou o projeto, que, hoje, depois de Anna receber o Prêmio Jovens da Terra, da ONU, se tornou a startup SDW. Cerca de 14 mil pessoas já foram beneficiadas, e não apenas com a chegada de água potável em suas casas. A SDW também oferece educação ambiental e técnica, atua com projetos de reflorestamento e de geração de renda, apoiando comunidades a venderem seus produtos. "Nós pensamos em soluções considerando a sustentabilidade como um todo", diz a jovem. Um exemplo: o uso de cloro para tratar a água custa o mesmo que o Aqualuz (R$ 0,05 a cada 10 litros), mas pode causar problemas de saúde. "Voltar na casa de uma pessoa atendida por nós e saber que aquela família parou de ter doença por causa da água é o nosso combustível", diz Anna.
Luz, economia e renda
Em muitas comunidades do Rio de Janeiro, onde vivem mais de 20% da população, segundo o IBGE, a queda de luz é um problema frequente. E, mesmo com isso, a conta subiu mais de 100% em uma década, sem considerar o momento de crise atual, de acordo com a ONG Revolusolar. Pensando nesses problemas, a começar pela favela da Babilônia, a instituição vai além: "Nosso objetivo é trazer o desenvolvimento sustentável por meio da energia solar", como afirma o diretor-executivo, Eduardo Avila. Com a instalação de painéis solares promovida pela ONG, a comunidade não apenas se beneficia com economia na conta – que passa de R$ 100 a R$ 30 –, como com a geração de renda, já que a Revolusolar, a primeira cooperativa de energia solar em favelas brasileiras, oferece cursos de capacitação para quem busca trabalhar com os painéis de energia solar. "Outro ponto positivo é o ambiental, já que a energia solar é limpa", completa Avila, que se orgulha de contar que, desde sua fundação, a Revolusolar já evitou a emissão de 11 toneladas de gases de efeito estufa.
Reaproveitar, reutilizar
Telhado de caixas de leite, tijolo de garrafa PET e chão de resina com vidro. Assim é a casa ecológica, um dos projetos do grupo Guayi, formado por universitários de Manaus. A sustentabilidade é o que guia os participantes, que pensam desde como reduzir problemas como a poluição – usando itens que normalmente vão para o lixo – a como oferecer bem-estar para pessoas em situação de vulnerabilidade social. Os estudantes participam de capacitações em comunidades da capital amazonense ensinando como construir, por exemplo, janelas de vidro de garrafas velha e resina – boa opção para quem trabalha como catador de lixo. O mais novo projeto é a L500, a primeira bicicleta ecológica do Amazonas, feita de materiais reaproveitados, como madeira. "Entre os itens que usamos nela está, por exemplo, o óleo velho de carros, super poluente e que se torna um impermeabilizante para a madeira", diz Rebeca Justino, integrante do Guayi. Quando ganhar escala, a L500 também vai ajudar na mobilidade urbana da cidade, de forma não poluente. "Manaus tem cada vez mais ciclovias, e uma bicicleta custa caro para a maioria das pessoas, assim como a passagem de ônibus", afirma ela. Um estudo realizado em São Paulo pelo Centro Brasileiro de Análise e Planejamento mostrou, por exemplo, que quem troca o ônibus pela magrela pode deixar de gastar cerca de R$ 135 na capital paulista. Ou seja, a L500 ainda seria uma forma de economia para a população.
Menos lixo, mais consciência
Como reduzir o lixo, ensinar as pessoas sobre a importância disso e, ainda, gerar renda para elas? Foi com esses três pensamentos e outras ideias que Claudia Pires criou, em 2015, o so+ma, startup de impacto ambiental que oferece recompensas em troca da entrega de resíduos que normalmente iriam parar em aterros sanitários – como benefício, recebe-se de alimento a exames e cursos de capacitação. E não para por aí: os materiais são doados a cooperativas de reciclagem, formando um ciclo que já evitou o descarte de 896 toneladas de lixo no meio ambiente. Pode parecer pouco, já que o Brasil produz quase 80 milhões de toneladas de lixo e recicla apenas 4%, de acordo com o Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2020, mas, para Claudia, cada pessoa que participa do programa significa uma conquista. "Mudar hábitos é muito difícil, e saber que estamos contribuindo para essa transformação é recompensador", diz a fundadora do so+ma, que já beneficiou mais de 11 mil famílias em Salvador e Curitiba.
Vai lá
Tem alguma ideia para tornar o mundo melhor, solucionando o impacto dos resíduos e a diminuição da desigualdade social, mas não sabe como executá-la? Dentro do movimento #UmaBelezaDeFuturo, o Grupo Boticário convida ONGs, cooperativas, universidades, startups ou qualquer instituição que trabalhe com projetos inovadores para fazer sua inscrição no Chamado 2030. Os melhores projetos na área socioambiental serão contemplados. Clique aqui e saiba mais.