Zé Luiz, radialista da 89 FM desde 1988, fala da filha no programa que ele não assistia e da preocupante agressividade que vê na internet
Chegou ao fim uma das edições mais polêmicas do Big Brother Brasil e até quem não costumava falar ou ver muito sobre o programa parece ter acompanhado a repercussão das últimas semanas, entre panelaços, notícias ruins e cenas de folhetim na política que fariam orgulhoso e possível o clássico personagem Odorico Paraguaçu, vivido por Paulo Gracindo na novela O bem amado (1973). E, além de a emissora que transmite o BBB ser a de maior alcance do Brasil, vale somar questões como as discussões e episódios de sororidade, racismo e feminismo que surgiram lá dentro e ecoaram aqui fora, neste momento de isolamento social. "O paredão da Manu com o Felipe Prior envolveu aquele monte de jogador de futebol, o filho do presidente falando mal da minha filha, artistas... E, quando ele falou Prior, eu olhei pra janela de casa e parecia Copa do Mundo, o pessoal gritando. Tem alguma coisa aí que a gente ainda não sabe medir, para além do 'estamos isolados em casa', para além do 'não temos opção'."
Quem está falando é Zé Luiz, 58 anos, jornalista e apresentador da rádio 89 FM, onde, entre duas passagens, está desde 1988, mantendo seu bordão –"Zé Luiz lhes diz". Na emissora, seus temas são futebol, no programa Rock Bola – que divide com Casagrande, Marcelo Rubens Paiva e Branco Melo –, e música e humor, no Do Balacobaco 2.Zé, segunda versão da atração criada por ele mesmo em 2002 e retomada em 2014, depois de ter saído do ar em 2006.
Mas o que ele tem a ver com o BBB? Ele é também o pai de Manu Gavassi, cantora, atriz, roteirista e a primeira participante a estar confirmada na final, que contará com Thelma Assis, a Thelminha, e Rafa Kalimann, formando um paredão feminino que lhe agradou.
Zé Luiz, claro, torce pela filha, mas, na conversa sobre a presença dela no programa que ele não assistia, externou pensamentos sobre a política e sobre o comportamento em redes sociais, das quais é usuário frequente. A agressividade que observa o preocupa. "As pessoas que estão lá são humanas. Se colocarem uma câmera 24 horas por dia em mim ou em você, nós vamos cometer erros e acertos. Não estou falando da minha filha, mas de todos", diz ele.
Abaixo, um papo sobre Manu e a cumplicidade entre eles, além de internet, conflitos e a vida na pandemia de Covid-19.
Trip. Você assistia BBB antes de a Manu entrar?
Zé Luiz. Acompanhei muito pouco. Confesso que nunca segui um Big Brother. Eu acompanhei a Casa dos Artistas, não vai rir de mim, mas isso eu lembro que eu vi. Mas nunca estive muito a par do que rolava. Você acaba sabendo de coisas e conhecendo pessoas. Eu tenho dois ou três conhecidos que são ex-BBBs, mas eu não os conhecia por causa do programa. Eu conheci depois, trabalhei com alguns em TV, mas não lembrava do BBB. Eu não seguia e a Manu também seguia pouco. Não era uma coisa que fazia parte. Cheguei a assistir uma ou outra coisa. Eu lembro do BBB da Sabrina, por exemplo, do Jean Wyllys, da Grazy Massafera... Mas nada que me fizesse assistir todos os dias, essas coisas.
Nessa realidade transformada que estamos vivendo agora, com o isolamento social, a televisão aberta está vivendo de reprises, exceto pelos noticiários, claro. Praticamente apenas o BBB manteve seu formato como programa de entretenimento de massa, porque, afinal, eles já estavam em isolamento social para o programa. Mudou o lance de não ter plateia, mas não o modelo totalmente. Você acha que a gente está assistindo essa edição da mesma maneira que assistimos outras anteriores? Boa pergunta. Vamos fazer uma reflexão. O BBB sempre fez um sucesso grande, pensando em antes do confinamento. Vamos colocar como base para o isolamento o período logo depois de um paredão em que a Manu estava, com o Victor Hugo e o Babu [os três disputaram a permanência na casa no dia 11/3]. Eu lembro que eu fui para esse Paredão e no dia seguinte, quando eu estava voltando do Rio, eu já soube que a Globo estava suspendendo plateias e foi fechando e aí começaram a reprisar novela etc. Este BBB já era o maior sucesso em sua história antes disso, mas claro que o fato de estarmos agora todos em casa, aqueles que podem estar, isso acentuou muito. Você tem jornalismo e o BBB. Mas eu acho que não estamos assistindo da mesma forma. Nesta edição, muitos temas apareceram em uma só edição. É o que me parece, falando como alguém que antes só acompanhava a repercussão, claro. Apareciam coisas aqui e ali sempre. Mas nesse apareceram várias questões, como a sororidade, que repercutiu quando a Manuela usou essa palavra – aumentou em 250% a busca pelo termo no Google. Foram coisas pontuais e que foram aparecendo com frequência. E tem o elenco que eu diria que foi um acerto.
LEIA TAMBÉM: Músicas para ouvir na quarentena. Do rap ao jazz, quatro discos criados por artistas em períodos de isolamento
Esse boom e essas reações têm conexão com os temas que apareceram, como você disse. Mas também tem esse fato de ser a atração ao vivo que, com todo mundo em casa, vira um assunto comum. E gente que nem acompanhava talvez comece a acompanhar. E todo mundo com muito tempo para pensar no que vê, coisa que não era sempre comum. Sua rotina foi transformada pela presença da Manu, mas imagino que essa realidade impactou também. Eu estava pensando nisso e falando disso aqui em casa. Eu tenho o pay-per-view, que é algo que eu nunca pensei que teria – eu me transformei naquilo que eu jamais pensei que seria, o cara que tem pay-per-view do BBB –, então, eu fiquei pensando: o que eu tenho hoje. Tenho o BBB e notícias, se eu for ficar na TV aberta, sem os streamings e outras coisas. Antes de ontem eu não queria ver o programa, estava tenso. Ao mesmo tempo, eu não queria notícia, porque eu estou cansado, é uma bucha diferente, uma pandemia, o fato real, e uma crise política que é gerada por um governo que não tem habilidade alguma e vai gerando. São crises geradas que te esgotam e as notícias do vírus, que também te esgotam. Ontem, para ter uma ideia, eu estava assistindo O Brasil visto de cima, que me relaxa, aí entra aquela voz do Caio Blat [imita um tom sereno]. Esse cenário acentuou o programa nessa reta final. A fuga é o BBB. Mas como é que a gente explica um paredão como o da Manu com o Felipe Prior, que envolveu aquele monte de jogador de futebol, o filho do presidente falando mal da minha filha, artistas... E quando ele falou Prior, eu olhei pra janela de casa e parecia Copa do Mundo, o pessoal gritando. Tem alguma coisa aí que a gente ainda não sabe medir, para além do "estamos isolados em casa", para além do "não temos opção". [Esse Paredão bateu recorde de interações, com mais de um bilhão e meio votos.]
A gente fala muito da internet reproduzindo um comportamento mais agressivo da sociedade e você compartilhou no Twitter esses dias um post de outra pessoa que falava sobre o fato de, enquanto as pessoas se matam na internet, eles se abraçam lá dentro, os quatro participantes que ainda restavam. Você pensa bastante sobre esse impulso de brigar que a internet parece exibir o tempo todo? Foi um tweet do Marcelo Courrege [repórter da Rede Globo], eu adoro ele. Eu entrei no Twitter em 2010 e sempre usei redes sociais, para comunicação, divulgação, bater papo, futilidades. E de um tempo para cá realmente, o mundo polarizou, o Brasil polarizou demais, começou a ir para um lado de política e agora qualquer coisa é um motivo. E as pessoas não se baseiam em nada, dizem “e só a minha opinião”. Elas estão só externando a raiva e o ódio.
Você tem falado bastante sobre isso nas redes? Durante o BBB, eu tenho tentado mostrar para as pessoas que, salvo algum tipo de exceção, é um programa de televisão e as pessoas que estão lá são humanas, tipo eu, você. Se colocar uma câmera em mim 24 horas por dia, eu vou cometer erros e acertos, e você também, todo mundo. São muitas vezes pessoas inteligentes e colocando coisas sobre as pessoas lá dentro, tratando as pessoas como lixo, falando coisas pesadas. E o que eu tento explicar para as pessoas é que você tem sua opinião sobre o jogo, que é tipo uma novelinha, mas, quando a pessoa sai, ela tem que ser tratada com respeito. Você não pode estigmatizar alguém lá dentro e você continuar tratando assim. Quando sair, acabou. E os termos que se usam são muito pesados, muito. Eu recebo respostas aqui que são assustadoras.
Algum comentário sobre a Manu te assustou mais? Como eu estou nessa há muito tempo e a Manu também, a gente meio que sabe como isso funciona. Mas tem um ódio que é gratuito. Não guardei nada específico, mas eu vi coisas muito pesadas na saída da Ivy Moraes. Calma. Às vezes, vai tomando uma proporção. Aí você vai pra política e, hoje, você vai ver, tá uma guerra, um oitavo ministro fora desse governo delirante, e as pessoas se atacam nas redes. Qual será a proporção que a internet reflete a realidade? Você percebe ataques articulados. Eu faço até umas brincadeiras. Eu às vezes falo do presidente só com a letra B e falo dele com o nome inteiro. Quando eu falo inteiro, é engraçado, de repente, vem uma enxurrada, com o mesmo perfil, alguns repetem até o texto e muitos não são nem robôs, são pessoas mesmo. É um momento muito delicado e as pessoas estão destilando muito ódio, pegam um programa de entretenimento e começam a atuar como se fosse 100% real, e não é. E no que ele devia que ele deveria atuar 100%, a situação política e econômica do país, ele não atua. A internet às vezes ajuda na letargia. Ao mesmo tempo, é uma ferramenta que serve para passar rapidamente a informação do que está acontecendo e furar qualquer tipo de bloqueio.
A Manu entrou como uma convidada do programa, sem inscrição. Quando ela disse que aceitou, como foi a sua reação? Ela foi convidada acho que três vezes e, nas três, ela disse não. Mas ela acabou conversando com pessoas que ela confia muito e acharam que poderia ser uma boa. A Manuela sempre foi de um nicho na música, ela começou muito cedo e depois continuou trabalhando, nunca parou. Escreveu livro, fez filmes, roteirizou série, fez muitas coisas, tocando a vida dela. Fato é que hoje ela sai gigante perto do que ela entrou, porque ela teve uma grande exposição na maior emissora do Brasil. Quando ela me contou, foi bonitinho, porque ela me chamou para um almoço. E, como a gente sempre almoça, janta, fim de semana às vezes ela fica por aqui, eu falei vamos na hora, a gente troca ideia, fala da vida. Ela falou: "Pai, eu vou te contar uma coisa, mas, antes de você surtar, eu quero que você escute tudo o que eu vou te falar". Eu, pai, super protetor, falei: "Filha, o que está acontecendo? Você está doente? O que fizeram?". E ela: "Pai, não, espera, deixa eu explicar. Eu pensei e decidi entrar no BBB". Eu lembro que falei "puta que pariu, Manuela, você me assustou. Eu achei que era uma doença, ou um algum problema muito sério." Ela riu e eu falei que isso era tudo bem, né. "Você deve ter pensado nos prós e contras. Não fala assim que eu me assusto." Foi tudo bem, foi tranquilo. É lógico que é um tiro de canhão, um programa de altíssima exposição, que pode construir alguém ou destruir. E lá não são atores, são seres humanos lá dentro. Mas se você conseguir fazer isso, ser você mesma, a Manuela, não é porque é minha filha, eu adoraria ser amigo dela. Ela é muito engraçada, muito divertida e muito leal. A proposta tem que ir lá com a sua verdade. Eu até brinquei com ela: "Se der no saco, sai. Vai lá pro confessionário e vai embora". Ela disse que ia entrar e ficar até o fim.
Você não teve em nenhum momento um sentimento mais arredio sobre ela entrar no programa, então? Antes de ela entrar, ela correu para produzir conteúdos da série dela do Instagram, conteúdos que entram ainda quase que diariamente, de uma série dela, a Garota errada, e ela tinha viajado, eu também. Não deu tempo para conversar, nem para refletir, e acho que foi até legal. Mas no dia que ela entrou, eu tive uma crise de choro. Eu falei: "Mano do céu, a Manuela está entrando no Big Brother. Como eu fui concordar com isso? Que loucura!" Isso é muito grande, em todos os aspectos, na exposição, e eu nem sabia dizer como é grande na vitória, mas agora, para mim, ela já atingiu a vitória faz um tempo e agora, que ela está na final, é mais vitória ainda. Mas foi muito assustador. Naquela primeira noite, quando eu vi que ela entrou, eu tive uma crise de choro que foi foda! Não vou ver minha filha enquanto ela estiver lá, é desesperador. Não deseje isso para as pessoas que você ama.
E se ela ganhar, como faz para festejar o reencontro e a vitória em meio a uma pandemia? Não tem como. O que eu imaginava era fazer uma festa aqui em casa, chamar todo mundo. Eu sou separado da mãe dela há anos, sou casado, mas a gente se dá super bem, volta e meia estamos juntos em algum evento. E eu ia fazer alguma coisa aqui em casa, uma recepção com os familiares e tal. Todo mundo quer ver a Manuela, tios, tias, avós, todo mundo, muitos velhinhos que você precisa explicar o que está acontecendo. "Onde é que tá, por que que não vem?" Aí minha tia, com 90 anos, me liga e pergunta se a Manu está bem. Eu falo que sim. "Você tem falado com ela?" Eu tento explicar que não falo. "Como você fica tanto tempo sem falar com a Manu, o que está acontecendo?" Você imagina tudo isso nessa pandemia. Minhas tias mais velhinhas estão isoladas em uma casa e me perguntam quando é que vão ver a Manu. O que eu vou responder? Setembro? É terrível, parece ficção científica.
Por outro lado, neste momento, estar lá era uma garantia de isolamento. Tem esse alívio, sim, ainda bem que ela está lá. Mas eles saem agora no momento de aceleração da pandemia. Eu achava que no dia que a Manu saísse eu ia estar lá, vou abraçar, beijar, e não vou estar. Eu não posso, estou em isolamento, eu tenho 58 anos. Não tenho asma, mas eu tenho um perfil asmático. No inverno, eu sempre me cuido com remédios, tomo alguns cuidados comigo. Ninguém deve ir para a rua neste momento, sair do isolamento, mas eu sou um perfil que não pode mesmo. A Manu vai sair e vai ficar frustrada. Alguém vai receber ela e explicar como está o mundo. Isso me aflige, me dá ansiedade, dor de estômago. São experiências muitos novas todas juntas.
Você falou do choro quando ela entrou e de não conseguir encontrar com ela. Por outro lado, você tem uma situação que é ver sua filha remotamente, vivendo, falando, conversando, em detalhes. Aprendeu algo sobre ela no programa? É engraçado, porque isso que você está me falando, ela me falou naquele almoço. Eu falei para ela que eu nunca tinha ficado tanto tempo sem estar com você. A gente se vê com bastante frequência. Eu falei com ela naquele almoço. "Se você durar até o final, são três meses!" Ela respondeu: "Pai, vai ter tanta câmera que você nunca vai ter me visto tanto na sua vida, nem quando a gente morava junto". Não deixa de ser. Nada nela me surpreendeu, mas é engraçado o que eu sinto. Nesse período, eu vi uma Manuela amadurecendo tanto e melhorando tanto como ser humano, sendo clara com as posturas. Ela sempre defendeu o que ela acredita, mas agora é de uma forma tão fofa, de falar as coisas e, acima de tudo, estar extremamente preocupada com quem ela está falando, se preocupar com o outro. Ela sempre foi assim, mas eu vi isso em um crescente, foi a coisa que mais me deixou feliz. Não que eu não soubesse, não tem nada que eu descobri. Eu dou risada das histórias, que são reais, eu sou mesmo exagerado, como ela fala. Ela conta sem contexto, aí parece que é um cara maluco, que está comparando ela com o Picasso. Não é bem isso. [Risos.]
Vocês têm uma cumplicidade muito grande? Tudo que ela fala lá é real, mesmo essa coisa que ela fala de namorados. A gente conversa muito e ela sempre me falou coisas da vida dela e eu sempre falei coisas da minha vida. A gente sempre trocou ideia. Ela muitas vezes vem me perguntar coisas do trabalho também, por eu ser da área. Mas eu sempre digo que o importante é o feeling dela, é sua maior ferramenta. "Vai pelo que você sente." E ela vai.
Você vem do rádio, como sua trajetória se relaciona com sua filha e também com a artista Manu Gavassi. Quando as meninas nasceram, a parte musical era muito grande em casa, porque eu trabalhava em uma rádio, com música, toco violão e a nossa casa sempre tinha muita música. E foi aí que a Manuela começou a gostar muito de música e arte. Eu era ator, a mãe dela, a Daniela, foi atriz também, nos conhecemos fazendo teatro, e eu trabalhava em TV e rádio. Elas viviam tudo isso. Manuela e Catarina, pequenininhas, iam para a rádio às vezes e ficavam mexendo no microfone, ouvindo música. E elas começaram a gostar. Eu tocava violão e ela não se interessava, até que um dia, aos 12 ou 13 anos, ela perguntou se era difícil tocar. Eu ensinei duas ou três posições, acho Lá, Mi e Ré, e quando eu cheguei em casa ela estava tocando. Passou um tempo, ela me mostrou uma música. E desde pequenas elas ouviam muito Beatles, Oasis, Bob Dylan, Led Zeppelin e trilhas de cinema, final de semana era o que tocava em casa e brincavam com essas músicas.
Por que você faz tanta questão de frisar que esses quatro participantes da reta final são pessoas que você gosta tanto. Eu postei no Twitter que amava minha filha e torceria por ela, mas gostava dos outros três. E fui detonado. Tento explicar que são todos seres humanos. Todos vamos errar, isso não merece ódio. “Como você fala isso?” “Esse cara falou mal da sua filha!” “Esse cara é isso, aquilo!” Gente, ele é um ser humano que está ali dentro, está cometendo erros e acertos, quando ele sair, ele vai ver algumas coisas e vai pensar “porra, não devia ter falado isso ou aquilo”. Eles falam alguma coisa e vão naquela marcha acabando com a pessoa. É um horror. As pessoas confundem muito. Eu vi que ele falou mal, fiquei chateado. Mas eu também já falei bobagem a respeito de um monte de gente e, depois, percebi. Eu não gosto desse áudio. Eu não consigo falar "Fora, Babu". Eu consigo dizer "fica, Thelma" ou "fica, Rafa", porque eu queria muito que as três chegassem à final. Não existe motivo para conflito, podemos discutir ideias diferentes. Eu tenho simpatia pelo Babu, que conheço do trabalho dele. Eu gostaria que a final tivesse sido com os quatro, porque eu achei essa semana muito legal. Eles, dentro das diferenças, estavam numa conexão tão bacana e divertida de ver, nessa época de tanta notícia ruim, na pandemia, na política...
O que torna esse quarteto da reta final tão interessante para você, pensando também nesse contexto de pandemia? Ela chegou na final e isso, para mim, já é épico, e tem todas essas pessoas que estão lá nesse final. O Babu é um ator do cinema brasileiro, do teatro, que vem com a trajetória do negro, a negritude. Porra, fez Tim Maia no cinema, olha o que esse cara é. Respeito. Aí chega lá, vindo de outra realidade diferente da Manu. A Rafa sempre pautada, tem o lance do trabalho dela, com crianças da África, em uma outra linha, mais religiosa. E tem a Thelma, olha isso. Uma mulher negra, que batalhou por tudo. A Manu falou para ela ontem que se espelhava nela, perguntou como ela conseguia estabelecer metas e cumprir essas metas. A Thelminha é a mulher que vai sair de lá, vai falar oi para a família e pode ir para a linha de frente da pandemia. Isso é muito louco. Eu acho isso muito épico, quatro pessoas tão diferentes. Isso mexe muito comigo. Por isso e todas as coisas que eu digo que gostaria que não tivesse tido esse paredão e tivessem ido os quatro para a final. Dizia o vencedor e beleza, acabou, vamos beber.
Créditos
Imagem principal: Arquivo pessoal