por Diogo Rodriguez

Aventureiros Gérard e Margi Moss usam um avião para estudar rios que se formam em pleno ar

Nos jornais noturnos da TV, é sempre a mesma coisa quando a moça do tempo anuncia o tempo ruim que estragará o fim de semana na praia: "uma frente fria vinda da Argentina entra no Brasil a partir dessa sexta-feira...". O resultado disso é que muitos pensam que a chuva vem da Argentina. Um projeto do INPE (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) vai mostrar que a água que faz a chuva na região Sudeste do Brasil tem origem na Amazônia e em outras regiões do norte brasileiro, e não em nosso vizinho portenho.

Com o surrealista nome Rios Voadores, a pesquisa conjunta do INPE com o casal de aventureiros profissionais Gérard e Margi Moss está rastreando a água que viaja pelos céus da selva até chegar no Centro-Oeste e Sudeste. O instituto consegue rastrear a umidade e os Moss são responsáveis por "navegar" os rios aéreos e coletar amostras dessa água para que se determine sua origem. Além de monitorar o deslocamento das massas de ar úmido, o Rios Voadores tem uma etapa servirá para conscientizar crianças e professores de escolas públicas da importância da água e a preservação da floresta amazônica.

Margi Moss crê que "a gente depende e muito da floresta para a chuva" e "não está dando muito valor à agua que cai de graça". Isso é importante porque a "base da economia vem da chuva: hidrelétricas, agricultura". Outro dado essencial, segundo ela, é que a maior parte da água que vem da Amazônia vem pelo ar: 20 bilhões de litros cúbicos por segundo contra 17 bi do Rio Amazonas.

Casal destemido

Voar na chuva não gera apenas dados para a pesquisa, mas também imagens impressionantes, todas devidamente registradas por Margi a bordo do avião (veja a galeria acima). Ela esteve em uma das voltas ao mundo de Gérard e tem mais em comum com ele: ambos nasceram fora do Brasil e optaram pela nacionalidade brasileira. Originalmente, ele é da Suíça e ela, nascida no Quênia.

Experientes em aventuras de grande porte, os Moss passam cerca de oito horas voando cada vez que voam junto de uma massa de ar. Como sempre está voando perto de chuva, Gérard conta que é difícil arranjar assistentes de pesquisa que queiram voar com eles: "Estou sempre voando no tempo ruim". As mais de cinco mil horas de voo (que incluem duas voltas ao mundo em aviões de pequeno porte) não impedem que ele tenha medo até hoje: "Como piloto, sou consciente o tempo todo. Medo é bom, uma maneira de se controlar.".

Estão previstas outras ações no site do projeto, como um monitoramento constante de dez cidades no Centro-Oeste, Sul e Sudeste que não estejam próximas à costa. Será possível saber de onde vem cada chuva que atinge cada uma dessas cidades. Os Moss continuam engajados na segunda fase, a educativa, correndo menos riscos dessa vez. Participarão da "turnê" do Rios Voadores pelo Brasil usando um balão de ar para chamar a atenção das crianças e não correr o risco de ver a mata destruída por falta de informação.

Vai lá: www.riosvoadores.com.br

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