Bairro da periferia de SP cresce em cratera aberta por um meteorito há 30 milhões de anos

Há 30 milhões de anos um asteroide caiu no extremo da zona sul de São Paulo, abrindo um buraco de 3,6 quilômetros de extensão. Nessa rara cratera urbana (são só duas, entre as 184 espalhadas pelo mundo), começou a crescer, em 1987, o bairro de Vargem Grande. Hoje, abriga 45.000 pessoas. “A rigor, esta área não poderia ser povoada. O ideal é que fosse um campo de pesquisa”, diz o geólogo e professor da USP Vitor Velasquez. Ele estuda o solo da cratera atrás de pistas sobre o clima na Terra há milhões de anos. 

O bairro já viu dias piores. “Não tinha nada aqui, só cobra e aranha. Eu vinha pra casa e chorava”, conta Marta de Jesus Pereira, 50 anos, moradora desde 1991 e presidente da Associação Comunitária Habitacional Vargem Grande. Mas as mazelas persistem, e não têm nada a ver com o buraco: falta de saneamento básico, abandono do poder público e a proximidade de uma penitenciária que, até um ano atrás, despejava detritos em área de manancial. Por causa dela, não adianta ter celular no bairro, já que não é permitido construir antena por perto.

“A gente precisa de pavimentação, hospital ou posto de saúde decente e um banco. Para pagar uma conta tem que ir até Cidade Dutra”, diz o motorista de transporte infantil Gilberto Zacaria de Lima, 45 anos. Para trabalhar no centro, os moradores enfrentam até 4 horas de ônibus. “Na época de eleição, aparece um monte de gente aqui. Depois desaparece todo mundo.”

Pelo menos uma coisa deve melhorar até 2016, para quando está prometida a criação do parque municipal na região, o Museu Aberto Cratera de Colônia. O projeto se estende por uma área de 2,4 milhões de metros quadrados e prevê a criação de um parque-museu e a reconstituição da fauna e da flora da área.

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