Maior festival multidisciplinar de artes no interior de São Paulo começa dia 7 de julho
Acontece este mês o maior festival multidisciplinar de arte do interior de São Paulo, o já tradicional Festival de Arte Serrinha. Anualmente realizado em uma fazenda em Bragança Paulista, o evento chega a sua 11ª edição com dezenas de workshops, shows, exposições e debates indo do dia 7 ao dia 28 de julho. Os eventos se espalham por toda a cidade, incluindo noites com shows de Tigre Dente de Sabre, André Abujamra, Cidadão Instigado e até um pocket show de Anelis Assumpção após a exibição do documentário Daquele Instante em Diante, sobre seu pai, Itamar Assumpção.
Cada vez maior e ganhando importância, o festival já recebeu grandes nomes de todas as artes brasileiras como o Teatro da Vertigem, Naná Vasconcelos, Arnaldo Antunes, Irmãos Campana, Ronaldo Fraga, Leda Catunda, Nuno Ramos e Zé Celso. Neste ano, as oficinas da Serrinha contam com a participação de Bené Fonteles, Estrela Ruiz Leminski, o coletivo BijaRi, Dudu Bertholini, o pessoal da galeria Choque Cultural e o cineasta Beto Brant (O Invasor e Eu Receberia as Piores Notícias dos seus Lindos Lábios). A programação completa você vê no site do festival.
O curador e principal produtor da mostra, Fábio Delduque, está bastante animado para a mais nova edição do festival. Para ele, o evento é uma chance de mostrar o cenário local das artes e promover um intercâmbio entre os artistas da região e interessados de todo o Brasil, além de movimentar o turismo local. "Nesses 11 anos de festival a gente fomentou uma boa quantidade de talentos dessa área, não só na parte musical como em teatro, moda e nas artes visuais."
"Só os shows no Galpão Busca Vida, por exemplo, são até para 800 pessoas. Então são eventos que até quantitativamente são muito interessantes. É um lugar que existe há mais de 15 anos e abriga toda uma geração de músicos e de atores de teatro na região", continuou o curador. "O Festival da Serrinha em geral é muito aguardado pelo pessoal de Bragança porque é uma chance de trocar experiências com gente nova e de poderem fazer essa imersão artística na fazenda. Pelo menos 60% dos alunos são da nossa região, apesar de termos alunos de outras cidades em bons números. "
Objetivos claros
Após onze anos, o evento desse ano é provavelmente o mais variado da história do festival. Com cada vez mais apoio dos setores público e privado, a organização da Serrinha está expandindo cada vez mais suas operações. E um de seus maiores atrativos é justamente se colocar à margem do cenário mais "poderoso" das artes, levando o público até a arte ao invés de fazer o contrário.
"O Festival é um evento de criação artística, de experimentação e também um evento de cunho educativo"
"Independente de a gente estar no interior, o nosso evento tem um formato que é diferente de praticamente tudo o que a gente tem no estado de São Paulo", Delduque desenvolve. "Especialmente por ser um evento multidisciplinar e principalmente interdisciplinar, sempre com oficinas que misturam mais de uma linguagem. O Festival é um evento de criação artística, de experimentação e também um evento de cunho educativo."
"Nossa ideia é sempre ser o menos excludente que podemos. Não pensamos só nas grandes vanguardas e queremos de alguma forma preservar a memória artística brasileira. Nos interessamos pela parte da pesquisa no campo das artes, mas não só por isso. Então até dado o lugar onde estamos, cercado por natureza, acabamos nos apegando as questões das raízes e da própria região onde estamos inseridos. E lá queremos também inserir essa arte da modernidade, equilibrando os dois lados o máximo possível", crava.
Progressão geométrica
Expansão é a palavra chave aqui. O festival está ampliando suas atividades para muito além do mês de julho, com diversos projetos engatilhados em parceria com o governo e com uma das maiores universidades do país. "A ideia é sempre conversar com os colegas e ouvir opiniões. Gosto sempre de pensar com outros artistas para decidir quem são as melhores escolhas para o festival", explica.
"Não pensamos só nas grandes vanguardas e queremos de alguma forma preservar a memória artística brasileira"
"Para o ano que vem, estamos estudando a participação de artistas de línguas latinas vindo para o festival de vários países diferentes. Na parte de teatro, estamos fazendo uma parceria com Festival Cena Brasil, que aconteceu recentemente em São Paulo, inaugurando modestamente ainda o nosso Teatro Rural. Na parte de cinema, há muitos anos o Beto Brant ajuda na curadoria, coisa que ele também fará nos projetos educativos marcados para o ano que vem."
"Em breve começará uma parceria com a Unesp pare levar aulas da pós-graduação para a Serrinha. Estamos com um projeto com a Secretaria de Educação do estado de São Paulo para levar alunos da rede pública de toda a região para passeios educativos na fazenda. Outro é o de criar lá um centro de formação para arte-educadores de todo o estado. Também temos um que já está aprovado pela Lei Rouanet, que é o de construir um parque de instalações na Serrinha, ampliando nosso acervo de oito para vinte obras de land art, tudo com material didático visando formar melhores professores e alunos mais preparados na região", completa Delduque.
Vai lá: XI Festival de Arte da Serrinha
Quando: de 7 a 28 de julho
Onde: Fazenda da Serrinha - Km 20 da Rodovia Fernão Dias - Bragança Paulista/SP
Quanto: Workshops (de R$100 a R$300) e shows (de R$10 a R$20)
Ingressos e inscrições: no site do festival
www.festivaldearteserrinha.com.br