Quando eu atraso a entrega da minha coluna (o que acontece todo mês), invento alguma desculpa e ele finge que não tá bravo. E a nossa relação segue o baile
Na Trip, tem um editor chamado Douglas. Ele é uma graça, fofo, sensível e safado com aquela vibe de jornalista que tem a barba malfeita e um certo gosto para camisas estampadas do Havaí. É um grande jornalista e eu sei que ele tem coisas mais importantes pra fazer, mas uma das várias tarefas dele é me mandar um e-mail todo mês perguntando: “CADÊ O TEXTO, MANA?”. Quando eu atraso a entrega da minha coluna (o que acontece todo mês), invento alguma desculpa e ele finge que não tá bravo. E a nossa relação segue o baile.
Este mês, Douglas me disse: “Autumn, escolha. Fala de um corpo, de um sonho ou de um acolhimento”. Aí me pergunto: “Não tem como vir tudo isso de uma vez só? Um corpo não pode me acolher e ser meu sonho?”.
Decidi falar de um corpo novo para mim, ainda desconhecido, um que conheci hoje. Chegou do nada na minha casa, na minha janela, com um sorriso-voadora e uma silhueta confiante. Um corpo que fala pouco e mostra muito. Uma mulher com a juventude dela na palma da mão.
O nome dela é Sol. Talvez isso seja mesmo tudo de uma vez só.
Um corpo e uma mulher que chegaram no meu cantinho do mundo, que flutua por cima de São Paulo, para onde ela se mudou faz poucos meses. A minha nova vizinha me faz querer morar dentro do sorriso dela, uma mulher que chegou cheia de sonhos, vontades e pequenos milagres.
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Quero ver toda essa sabedoria e apreciação que ela tem pelo próprio corpo se espalhar – que isso seja contagioso! Desejo ver seus sonhos caírem do céu como uma chuva inesperada de verão. Ela merece tanto, tanto, mas tanto todos os sonhos dela, do mesmo jeitinho que merece essa cidade que a está acolhendo, igualzinho ela me acolheu.