por Alê Youssef

Mesmo com tantas picaretagens, uma semente em busca de ética na política foi plantada


Ao longo de 2009 debatemos muito sobre quais valores poderiam representar uma outra política – tema título de nossa coluna e assunto constantemente presente nas edições temáticas da Trip. A grande participação dos leitores através de e-mails e a repercussão dos debates nas redes sociais fizeram com que eu procurasse a direção da editora para discutir a criação de um evento que pudesse gerar uma situação presencial de debates em torno do tema. O que seria originalmente um ciclo de palestras desta coluna foi maravilhosamente potencializado pela Trip e se transformou no primeiro Festival Trip de Política, que aconteceu em setembro deste ano no Studio SP.

Em um domingão de sol, Fórmula 1 e jogos decisivos do Campeonato Brasileiro, quase mil pessoas foram ao evento no coração do Baixo Augusta e participaram de debates, mostra de filmes, fotos, shows e apresentações de diferentes ideias. A discussão política aflorou com vigor e, naquele momento, pudemos perceber que a vontade das pessoas de participar ativamente das discussões sobre os rumos do país não era apenas um devaneio deste colunista ou da revista, mas um verdadeiro desejo de muitos que apenas esperavam uma alternativa para ativar sua cidadania. A impressão que ficou foi que a Trip e o Studio SP abriram uma porta que estava trancada por muito tempo, com cadeados do convencionalismo e da caretice que tomaram conta da política no Brasil.

No ano de tantas picaretagens no Congresso Nacional e desmoralização do Senado, uma semente em busca de ética, transparência e simplicidade na política foi semeada, e a bandeira de discussões que levem em conta os anseios das novas gerações foi erguida. Queremos cabeça aberta para o novo, apoio à economia da criatividade, sustentabilidade, educação universal de qualidade e muito mais.

E percebam que não se trata da crítica pela crítica, muito menos de apoio à caótica e fraca oposição. O reconhecimento dos avanços do país no governo do presidente Lula esteve presente não apenas em diversas edições desta coluna, como também no próprio Festival Trip de Política.

Classe média engordada
2009 foi um ano bom, não apenas por atravessarmos a crise financeira de forma madura, incluirmos 20 milhões de pessoas na classe média, sermos reconhecidos como nunca pelo mundo, acharmos o pré-sal e vencermos a corrida pela Olimpíada de 2016. Foi bom também porque conseguimos demonstrar que, mesmo com tantos avanços, jamais devemos fechar os olhos para questões relevantes que dizem respeito à prática política, à necessidade de renovação e à criação de novas convenções sociais diferentes das que estão aí. Negamos os currais eleitorais e o pragmatismo e queremos um país construído pela união das pessoas de bem e não por conchavos absurdos que ora mancham pessoas com passado lindo, ora absolvem picaretas históricos.

Feliz 2010 – ano de eleições – com mais festivais, discussões e novas ideias.

fechar