Guilherme Tripa conta como é o tow-out, modalidade que permite dar altos aéreos em ondas de meio metro
E se, ao invés de usar um jet ski para rebocar o surfista por trás de uma onda grande, ele fosse em direção a uma onda pequena em alta velocidade? Depois do tow-in, a novidade que já existe em praias brasileiras é o tow-out, modalidade de surf que não precisa de ondas grandes para ser praticada. Apesar de ainda não existir nenhum campeonato, exibições estão sendo feitas, principalmente no exterior. No Brasil, alguns dos surfistas que aderiram ao novo jeito de enfrentar as ondas de frente são Trekinho, Sifu e Guilherme Tripa.
Foi com este último que a Trip conversou para entender melhor como se pratica o tow-out: o tamanho ideal da onda, no que difere do tow in, as manobras possíveis e o perigo da modalidade.
Como se pega onda no tow-out? Qual é a diferença para o tow-in?
No tow-in você pega a onda de trás, é mais usado para ondas grandes. A função do tow-out é fazer manobras, voar, dar aéreo. No tow-out você pega a onda meio que lado e de frente, usa a transição da onda para voar bem alto. O tow-out vem me ajudando na produção de imagens para os patrocinadores, matérias de revista. É mais dinâmico, mais rápido. Se você estiver com tudo certinho, é certeza de que vai voar, o jet ski não vai te deixar falhar. Mesmo se não tiver onda você consegue dar um aéreo de três metros de altura. Sem o jet, como você ia dar um aéreo ali?
Qual o tamanho mínimo de uma onda para fazer tow-out?
Desde meio metro até três metros.
Dá para fazer em ondas maiores?
Vai de acordo com a coragem de cada um [risos]. Eu vou tentar fazer [em ondas maiores] no ano que vem, vamos ver no que é que dá.
Vai tentar onde?
Aqui no Rio de Janeiro, onde eu moro. No meio da Barra [da Tijuca], em São Conrado ou no começo da Reserva, onde não tem nenhum banhista, para não acontecer nenhum acidente.
Como você ficou conhecendo o tow-out?
Sempre brinquei disso por causa do tow-in. Aí começou a ideia de tentar entrar na onda pequena para fazer manobra, foram surgindo equipamentos, manobras. Foi crescendo, e hoje em dia pode ser considerada uma modalidade.
Já existe algum campeonato?
Não, existem apresentações lá fora, em piscinas de ondas. No Brasil ainda não.
Quem mais pratica?
Aqui no Rio, o Trekinho, Sifu, Scooby, Biel Garcia, atletas da nova geração, freesurfers que vivem a vida como eu, fazendo imagens.
Existe algum especialista em tow-out?
Ainda não. É uma modalidade que já existe há um tempo que ainda não pegou, mas tá pegando. A grande dificuldade é que tem que ter um jet. Tem que arrumar um parceiro e não é qualquer um que tem dinheiro para ter um jet. O que eu uso é o meu patrocinador.
Qual é mais perigoso?
O tow-in é mais perigoso. Mas depende do tamanho da onda, porque no tow out você pode se quebrar fácil dependendo da velocidade.
Qual foi a maior onda que você pegou no tow-out?
Não teve uma que eu falei: “Cara essa eu vou lembrar pelo tamanho”. Mas eu tenho lembranças do maior aéreo que eu já dei. Tem uns sete metros, da base da onda até onde eu estou no ar.
Quando você dá um aéreo, como cai no mar?
O objetivo é continuar na onda, mas tem manobras em que você vai tão alto que é impossível porque você pode ter uma contusão muito séria ou quebrar a prancha.