por Luiz Alberto Mendes

O segredo está em conhecer mais coisas e, principalmente, mais pessoas

Outro dia fui perguntado o que se pode fazer para viver uma vida melhor. Não saberia aconselhar para os outros; para mim já é difícil. O problema é garantir a disciplina, o esforço e a perseverança necessários. E, puxa, a eternidade é do tamanho de minha precariedade. Acho que a gente sabe o que e como. Deve ser por isso que, ao início dos anos, nos oprimimos com metas insustentáveis.

 

De uma coisa tenho certeza. Não será tomando, explorando ou invadindo que chegaremos. Até na prisão violência já era. Agora o preso precisa saber pensar e argumentar, pois para tudo convoca-se debates. Já experimentei essa parte; não dá para recomendar. Dessa maneira é possível conquistar somente conforto físico. Claro que uma vida melhor carece de algum conforto físico. Vejo pessoas que já têm, continuarem a busca. Isso me leva a concluir que conforto físico é componente, não meta. Logo, não preciso de todo conforto do mundo para melhorar minha vida.

 

Penso que para viver uma vida melhor preciso conhecer mais coisas e, principalmente, mais pessoas. Ampliar ações, crescer interiormente e expandir minhas buscas.  Acredito, sinceramente, que este é um chão em que caminhamos juntos. Há buracos, falhas de asfalto e curvas perigosíssimas. Uma melhor condição de vida, sem dúvida, passa pelo modo como me relaciono com os outros. Nada se basta contente em si apenas. Não posso esperar ser amado incondicionalmente. Não é possível que me aprovem integralmente. Assim como não dá para querer que cuidem de mim a todo custo e procurem, antes de tudo, o meu bem.

 

Acho que preciso também desenvolver uma certa qualidade de percepção do mundo. Minha vida vive aflita de tantas coisas, acontecimentos e informações... Parece paradoxo, mas às vezes me sinto paralisado entre tantas opções de escolhas tão sutilmente semelhantes. As transformações vertiginosas do tempo a engolir o espaço ainda me deixam meio tonto, sem saber direção.

 

O que eu queria mesmo para uma vida melhor? Tenho a maior vontade de aprender a tornar minhas palavras mais belas. Que elas falassem às pessoas como olhos que lêem. Imagens que representassem, em alguma palavra, tudo que eu preciso dizer. Beleza e sensibilidade são dessas coisas que devem ser construídas. Não se acha uma poesia jogada na rua. Sonho e esperança, toda essa febre como um susto, um conceito sem objeto e essas palavras todas em busca de minha voz...

 

Composto por Luiz Mendes em 29/05/2009

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