Valor e Diversidade
Uma pessoa pode se esvaziar de sua história. Basta não valorizá-la. Um povo pode perder sua identidade. É preciso apenas que deixe de cultivá-la.
O pior de nossa existência, o que mais doeu, é o nosso maior valor. As maiores tragédias vividas por um povo tornam-se as suas maiores fortalezas (vide Japão, Israel, Alemanha...). A dor e o sofrimento tanto ao nível pessoal quanto ao coletivo, são, ao fim e ao cabo, os alicerces mais seguros da existência. Fundamentam espaços interiores de identidade, ensinam, preenchem e dão significado à vida.
Essa é uma pergunta para a qual nunca encontrei resposta. Porque é preciso doer para significar? Porque temos que sofrer tanto para aprender até ass mínimas coisas? Porque nossas vidas têm que ser tão duras, tão sacrificadas: para aprender? Mas só aprendemos sofrendo? Somos tão burros assim?
Recuso-me a aceitar isso. Aprendo bem sem dor também. Embora com dificuldade e muito mais lentamente, é preciso reconhecer. Prefiro assim, devagar; suavemente. Talvez seja isso o que a gente mais aprende com o sofrimento. A evitá-lo não importa o custo. A maioria se desespera e foge. Ou toma atitudes ensandecidas. Poucos procuram pensar antes de fazer, ponderar antes de falar e aceitar a diversidade como o que há de mais interessante e instigante no universo.
Claro que precisamos nos defender. O marketing busca nos uniformizar. Procuram nos fazer sentir e querer ser igual ao que tem realce na moda. Somos obrigados a olhar para o mesmo espelho que todos estão olhando. A diversidade humana é um patrimônio, uma riqueza da humanidade que o consumismo busca apagar de nossas mentes. Só assim pode produzir em série e controlar os mercados.
Vivemos na era mercadológica. Tudo vale o que contem. A única defesa que nos resta é nos preenchermos de nossa história, valorizando-a. Só assim conseguiremos enxergar o espaço e a infinita diversidade de suas partes.
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Luiz Mendes
27/06/2011.