Uma história feliz

por Luiz Alberto Mendes

 

Tigres e Cães

 

Não me perguntem nem como ou quando. Consegui apenas registrar o nome: Madelleine. Era um documentário, isso eu me lembro. Produzido no sudoeste asiático, Burma, creio eu.

É uma comunidade de coletores de cerca de 10 mil pessoas. Convivem próximo à selva, de onde tiravam seu sustento. De uma hora para outra, tigres enormes chegando a pesar cerca de meia tonelada, começaram a atacar os coletores no trabalho. Em poucos meses já haviam devorado 10 pessoas e muitos animais domésticos. O povo entrou em desespero. Não podiam mais buscar o alimento, estavam passando fome. Coletar na selva era quase certeza de ser morto e devorado pelos tigres.

A solução seria contratar profissionais para exterminar os temíveis felinos. Aquele é o ultimo reduto da Terra onde ainda se encontra o tigre em seu habitat natural. Matá-los ali seria exterminar a espécie na natureza. Então uma Treinadora de cães americana, Madelleine, veio ensinar à comunidade da aldeia como lidar com o problema, sem mortes.

Os cães da aldeia eram completamente desvalorizados. Viviam de restos, a maioria abandonados e sem donos. Ela os procurou, junto com uma equipe que formou na comunidade. Escolheu filhotes de algumas ninhadas. Junto com seu grupo, começou a adestrar os cãezinhos a espantar tigres. Em pouco tempo ela tinha vários cães e uma equipe de aldeões que sabia lidar com eles. Então começaram, em regime de mutirão, a espantar os “bichões” para o fundo da floresta de onde eles haviam vindo. Depois colocaram os cães como vigias enquanto trabalhavam. Eles avisavam à aproximação dos tigres e lhes davam o primeiro combate. O faro de um cão alcança cerca de 10 mil vezes mais que o nosso olfato. Especialistas afirmam que o cão pode ser estimulado a farejar até 100 mil vezes mais que nós.

Era o que estava me faltando: uma história com final feliz; e melhor que verdadeira. Ninguém mais foi devorado pelos tigres naquela comunidade. Os cães passaram a ser tratados com muito respeito. E Madelleine, coberta de glória, pode voltar para seu país com sua simples e grandiosa missão cumprida.

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Luiz Mendes

10/01/2012.

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