Uma conversa e três temas

por Luiz Alberto Mendes

Acordei com três temas fascinantes na cabeça, mas antes quero comunicar algo que vai

Acordei com três temas fascinantes na cabeça, mas antes de falar deles, quero comunicar algo que vai acontecer. Dia 29/08/2009, num sábado, às 12:00 horas na rua 13 de maio, 361 (antigo Carbono 14) no Bexiga, teremos a leitura de minha primeira peça “A Passagem”, feita pelo ator João Signorelli. Estarei presente, parece que querem que eu fale também no evento, vamos ver.

Estou muito contente por isso. João ensaiou essa peça por mais de um ano e teve que parar por motivos pessoais. Ele fez uma apresentação de parte da peça para mim. Tremi e chorei como criança. Descontrolei, tive até que ser amparado por outro amigo que assistia junto. Agora João volta com força total. Vamos fazer a peça mesmo. Na ocasião, vamos pedir ao escritor e dramaturgo Fernando Bonassi, que é um dos meus maiores amigos e com certeza estará presente, para dirigir a peça.

Tenho uma outra peça: “Dois Mundos” que apresentei ao Grupo “Nóis do Morro” em Vigário Geral, no Rio. O ator Babu Santana falou em transformar a peça em filme. Mas ficou por ai a conversa. E sei que a peça é boa. Tem muito humor, é mais uma curtição que uma peça. E, tenho mais uma aqui na mente, com começo meio e fim. Não escrevi desmotivado e frustrado pelo fato de não conseguir encenar a primeira. Se agora for.

Vamos aos textos:

 

LAZER

 

O lazer não pode ser desfigurado em programas televisivos com suas falsas diversões, seus falsos teatros transformados em novelas mentirosas com suas informações manipuladas. Televisão nos confina em uma vida em que não existimos, apenas funcionamos. Isso é um golpe mortal em nossa sensibilidade, em nossa capacidade criativa e do ser promotor de cultura que somos.

                                      

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FAMÍLIA

 

A família é uma das mais angustiantes heranças de nosso passado. Desumaniza o que há de humano nas relações. Não se ama pelo próprio ser amado. Tem-se o dever de amar. Amar pai e mãe é obrigação sagrada, absoluta. Quando devesse ser impulso natural. Um simples e imediato sentimento de ternura e amor. Com o parceiro de casamento temos o dever conjugal. Casamento significa particularidade obrigatória. Até a pouco tempo existiam leis que puniam pessoas que cometiam adultério. Na minha opinião, o amor entre os casais necessita ser uma deleitosa e apaixonada doação de si para o prazer pessoal e do parceiro. A fidelidade precisa ser de dentro para fora, uma opção profunda em nome do coração e da razão. Ainda bem que isso de família esta acabando. As “famílias” agora são nucleares: pai, mãe e filhos e todo mundo quer ter seu espaço familiar.

 

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LIMITES

 

Pessoas lutam contra pessoas quais fossem elas seus limites. Vivem tentando escapar aos outros, preservando seus sentimentos, seus haveres e tesouros. Como se, em aceitando alguém, estivesse abrindo brecha em sua segurança pessoal. Sentir uma emoção por alguém significasse dor, perder-se de si.

Esquecidos estão que estar com o outro é parte essencial da condição humana. O outro é sempre alguém que tem algo de muito importante a nos ensinar. Às vezes é paciência, tolerância, ou compreensão, que em si são as principais constituições humanas. Nem percebemos, nos exasperamos e quase sempre rejeitamos veementemente.

O que pode haver em mim de mais íntimo e profundo, é o amor daqueles que me amam. É meu tesouro. Acho que é a única luta que vale a pena enfrentar. Amar e ser amado é tudo. O outro é aquele que me chama para além de meus limites individuais. Nossa vida e eu acredito firmemente nisso, não é uma conquista solitária, antes é uma aventura coletiva no Universo.

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Luiz Mendes

20/08/2009

  

  

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