Trip especial 26 anos da praia: O sal como tempero

por Paulo Lima
Trip #217

A ligação da Trip com a praia: questão de vida ou morte

A ligação da Trip com a praia é íntima, orgânica, entranhada. Questão de vida ou morte. Nas páginas que seguem, você verá um apanhado dos primeiros 26 anos da nossa permanente pesquisa nesse caldo de cultura riquíssimo que se alimenta das condições perfeitas de pressão e temperatura dessa estranha e apaixonante faixinha de terra que divide, como um friso, o meio líquido do sólido no planeta. Por motivos difíceis de explicar mas fáceis de fascinar, é lá que florescem coisas, ideias, pessoas e situações que não encontrariam condições de sobrevivência em qualquer outro canto. Sobre o surf, por exemplo, uma das expressões mais fantásticas desse lugar, há quem diga se tratar de uma espécie de primo-irmão da chamada contracultura. Uma versão solar da revolução comportamental que questionou radicalmente o modo de vida raso, dinheirista e competitivo que teimava (e ainda teima) em dominar o mundo. Pode ser. Mas fato é que foi sempre esse aspecto do surf e da praia que mais nos fascinou aqui. Seu poder transformador.

Como você verá na seleção a seguir, os fenômenos que a praia costuma operar de forma quase mágica nas cabeças, corações e almas das pessoas sempre foram o alvo da nossa busca. Na hora de definir personagens para entrevistar, lugares para desbravar, esportes para explorar, estávamos sempre olhando para o lado de dentro, com o sal como tempero.

Os mitos, as ondas, os destinos, os biquínis, os surfistas, os estilos, as façanhas, os homens e mulheres que dominaram, na areia ou no mar, as páginas da Trip ao longo de sua ensolarada trajetória

A praia resume, por definição, uma série de coisas que nos são especialmente caras. Pra começar, salvo odiosas exceções, praias são espaços para o amplo exercício da diversidade humana. Antishopping centers, aonde se vai para interagir com todo tipo de gente, para ser mais e ter menos (de novo deixando de lado certas mutações praianas que se vê por aí e que persistem em transformar esses lugares sagrados em continuações das ruas Oscar Freire ou Garcia D’ Ávila, cercadas de condomínios por todos os lados), para retomar contato com o corpo e suas sensações, com a nossa pequenez e insignificância diante do todo, com o ar, com a água, com o sol, para estar com quem se gosta mais, com menos roupas e travas e numa outra dimensão de tempo...

Na moda, nos esportes, no comportamento, no jornalismo, na música... a influência do mar e da praia sobre nosso jeito de olhar para as coisas sempre esteve lá. Acrescentando sal à noção de aqui e agora, de estar inteiro, vivo.

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