por Lisandro de Almeida

Surfistas e motociclistas vão a Biarritz em busca de um estilo de vida que preza pela liberdade – e por belas paisagens

Se Biarritz já foi ponto de encontro da alta sociedade europeia – tudo começou em 1855, quando Napoleão III mandou construir um palácio à beira-mar para sua esposa –, hoje o cenário é deliciosamente mais despretensioso.

Entre as montanhas dos Pirineus e o oceano Atlântico, a antiga vila de pescadores de baleia no sudoeste da França acabou se tornando refúgio dos surfistas e outros entusiastas de um estilo de vida mais livre e cercado pela natureza.

A fama em torno de suas ondas perfeitas veio nos anos 1950, depois que o cineasta Peter Viertel e sua esposa, a atriz Deborah Kerr, desembarcaram no destino para rodar um filme e trouxeram na bagagem suas pranchas compradas no Havaí. Hoje, a paixão é tanta que a cidade litorânea tem até um museu dedicado ao tema. Inaugurado em 2011, o Cité de l'Océan propõe um mergulho no esporte e, mais do que isso, em tudo que envolve o mundo dos oceanos.

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Recentemente, o local reuniu cerca de 20 mil pessoas em mais uma edição do Wheel & Waves, festival que realiza diversos eventos em torno do universo do surf e da moto. Sim, os esportes podem parecer distantes, mas basta uma visita ao evento para entender que estão em total sinergia. De passagem pelo vilarejo, a fotógrafa francesa Aurélie Monnet explicou à nossa equipe: "Motoqueiros e surfistas desejam a liberdade, a possibilidade de ir e vir sem destino, apreciando a natureza e a busca por novos horizontes".

Hoje, andar por Biarritz é se deparar com viajantes como o americano Michael Rubin, 61, artista, board-painting e fundador da Krammer & Stoudt, marca de roupas, acessórios e, claro, pranchas, que divide a rotina entre o trabalho e a busca por ondas perfeitas. Ou o brasileiro Léo Delamanha, 47 anos. Motoqueiro desde os 12, ele viajou de Portugal até aqui – mais de 2000 km – sobre duas rodas. E não é preciso ter tanta bagagem nas costas para entrar no clima. Aos 4 anos, o italiano Valentino Nuciforo quer ser piloto de moto profissional e aproveitou seus dias em território francês para treinar algumas manobras.

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Outro ponto em comum entre os frequentadores de Biarritz parece ser a possibilidade de customizar seus objetos de estimação. Assim como os motociclistas mais fanáticos, que escolhem cada peça de suas motos, os surfistas da região também têm prazer em decidir o tamanho, formato e até a pintura de suas pranchas. Vale, inclusive, apostar em um formato inusitado de quilha, como as elaboradas pelo basco Xabi Lafitte, 45, que lembram nadadeiras de peixes – atenção surfistas: a novidade promete causar uma revolução nas águas, segundo o próprio.

No fim, é como diz o francês Damien Marly, 40, dono de uma marca de surfboards: "Não importa o vento, a chuva ou o sol: para os riders e surfistas, o que vale é estar lá fora, buscando seu prazer pelo esporte". E ele finaliza: "Ambos têm sede do espírito de liberdade e, claro, de uma cerveja gelada após o esporte".

Créditos

Imagem principal: Divulgação

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