por: Habitability

Como transformar as cidades em lugares para todos?

apresentado por Habitability

É cada vez mais urgente criar soluções e iniciativas que antecipam o futuro que desejamos. Conheça pessoas e projetos que inspiram novas maneiras de pensar o habitar

Como construir o futuro para que ele seja como queremos? Criamos cidades onde habitar coletivamente e se relacionar são verbos indissociáveis. É da condição humana edificar nossas moradias para, assim, vivermos juntos. Mas também criamos desafios graves e inescapáveis em todas as escalas – e para todas as pessoas –, da escassez habitacional à crise climática. E se nos colocamos nessa situação, é porque somos capazes de sair dela. Ao combinarmos nossos saberes ancestrais com as novas tecnologias e o compromisso da sociedade, da qual nós somos agentes, podemos transformar as cidades em lugares não apenas sustentáveis, mas em que todos possam habitar.

No ano passado, o Prêmio Habitability, apresentado por MRV&CO, nasceu para homenagear quem nos inspira na construção do futuro que desejamos e reconhecer iniciativas nas áreas de cidadania, inovação, educação, sustentabilidade e mobilidade urbana. O prêmio faz parte das iniciativas do Habitability, plataforma editorial que se propõe a ser palco dessa discussão, trazendo para o debate uma comunidade que reúne arquitetos, engenheiros, urbanistas, líderes empresariais, gestores públicos e futuristas. Concebido em cinco categorias – convivência, transformação, consciência, sentidos e caminhos –, em 2022 o prêmio homenageou projetos escolhidos por um time de curadores que discutem, inspiram e conhecem com intimidade as experiências que estão transformando as vidas nas cidades brasileiras. 

Em 2024, o prêmio volta a jogar luz nas pessoas que estão transformando o mundo rumo ao futuro que desejamos. Enquanto esperamos a próxima edição, conheça os projetos que já foram homenageados pelo Habitability:

NINA

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Homenageada na categoria Caminhos, oferecida em 2022 pelo Inter para celebrar soluções inteligentes nos campos da mobilidade e acessibilidade, a NINA fornece tecnologia que pode ser integrada a diversos aplicativos para rastrear denúncias de assédio e violência, construindo cidades seguras para todos, especialmente para as mulheres. Fundado por Simony César, o projeto identifica pontos críticos para o trânsito seguro de mulheres nos espaços urbanos, levando os dados às autoridades e empresários para a criação de políticas públicas. A primeira cidade parceira da NINA foi Fortaleza, capital do Ceará. 

"A minha mãe foi cobradora de ônibus, eu fui estagiária de uma empresa de ônibus. Várias pessoas da minha família sempre trabalharam com transporte, mas as nossas discussões eram sempre na perspectiva de trabalhadores e usuários do sistema, e não de tomadores de decisão. Quem é empresário não usa transporte público aqui no Brasil. Político, tampouco. Claro que vai ser inseguro e desconfortável para seu principal usuário, que são mulheres da classe CDE", explica Simony. "Eu não quero ser a privilegiada, eu quero que exista equidade com relação ao acesso a oportunidades à cidade, principalmente na perspectiva de transporte". 

Desacelera SP

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A categoria Convivência, oferecida por Eliane Revestimentos para celebrar iniciativas que beneficiam uma maior conexão e o melhor convívio entre as pessoas em ambientes coletivos, celebrou o Desacelera SP. A jornalista e educadora Michelle Milagres, também idealizadora do Dia Sem Pressa, o primeiro festival brasileiro da cultura slow, e da Escola Sem Tempo, buscava na cidade de São Paulo lugares onde pudesse estar sem pressa, sem cobranças. Foi assim que nasceu a primeira iniciativa do projeto: um guia para desacelerar na capital – que logo se tornou um evento e depois uma grande rede. "Quando a gente fala em desacelerar, é uma grande provocação, mas tem dois pontos importantes. Primeiro, não é uma provocação para o indivíduo. O Desacelera nasce como um guia e ao longo do tempo ele vai se politizando no sentido de se coletivizar, de entender que não adianta falar 'desacelera aí, mano' se as pessoas não têm condição de fazer isso", explica Michelle.

"Outra provocação é a gente pensar nessa velocidade como violência. Não é verdade que você pode fazer tudo caber em 24 horas desde que se organize. E a gente vai incorporando isso, tipo 'hoje eu vou aqui correr', 'hoje eu vou acelerar o áudio do WhatsApp'. Então se a gente olha para a cidade como fluxo, passagem, se a gente vai tirando os bancos das praças para ninguém sentar ali, o que resta de potência ou de habitar para essa cidade? Cidade é convivência. É para isso que a gente precisa caminhar", completa.

RevoluSolar

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Homenageado na categoria Consciência, oferecida em 2022 por Luggo para celebrar iniciativas que promovem a integração com o meio ambiente e a utilização consciente de recursos naturais, o projeto RevoluSolar usa a energia solar, tecnologia que está crescendo no Brasil e no mundo, para resolver um problema social urgente nas comunidades do Rio de Janeiro: a falta de acesso à energia elétrica. "Mais do que uma questão ambiental, a energia solar é também uma ferramenta de cidadania. O consumidor pode gerar a sua própria energia e participar mais ativamente desse sistema, sendo protagonista do processo de transformação", diz o fundador, Eduardo Ávila. Hoje, uma cooperativa que nasceu na favela da Babilônia, na capital fluminense, beneficia 34 famílias de duas comunidades. 

"Habitar significa viver com qualidade, e a energia é um grande impulsionador dessa qualidade de vida dentro de casa. No Brasil, principalmente nas favelas, a gente vê uma realidade diferente. As casas têm energia, mas toda semana, duas ou três vezes, cai a luz – e às vezes ficam dias sem luz. Então, o que é habitar sem luz?", questiona Eduardo. "Hoje, a gente tem uma tecnologia que viabiliza a construção de modelos de base comunitária, colhendo saberes e inteligências das comunidades, do coletivo, da autogestão. Esse projeto mostra que desenvolvimento não precisa ser oposto à sustentabilidade, ao meio ambiente".

Projeto Ruína

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A categoria Sentidos, oferecida por Atlas Schindler para celebrar projetos que descobrem novas formas de construir o habitar, visando a qualidade de vida e bem-estar, homenageou a Ruína, um escritório de arquitetura que propõe uma abordagem alternativa a partir da reutilização de materiais. As arquitetas e urbanistas Julia Peres e Victoria Braga transformam as "sobras" das obras, também conhecidas como entulho, em matérias-primas para a construção. “As ruínas urbanas são esses materiais que vêm das demolições. É a partir delas que as cidades podem ser recriadas. Vemos este material como um recurso, e não entulho. Um recurso a ser apropriado, entendido, desenvolvido e recriado”, explicam. 

"O que a gente tenta, com a nossa atuação, é justamente mostrar a qualidade de um projeto feito a partir do reuso, e também as vantagens de estarmos fazendo esse tipo de prática. É muito bonito poder fazer parte do processo de pensar esses espaços do habitar", completam.

Arquitetura na Periferia

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Homenageado na categoria Transformação, oferecida por ArcelorMittal para celebrar iniciativas criativas e eficazes que democratizam o acesso a meios que tenham impacto na saúde, economia e bem-estar de comunidades, o Arquitetura na Periferia é um projeto que reúne e capacita mulheres para reformar e construir a própria casa. "No Brasil, a mulher passa mais que o dobro de tempo que o homem dentro de casa fazendo a manutenção desse espaço. Só que na hora de decidir como esse espaço vai ser construído, ela não tem voz", explicam Carina Guedes e Luciana da Cruz. "Muitas vezes, elas têm reclamações de questões que as incomodam profundamente no dia a dia, nas tarefas que elas têm que realizar, porque não foi feito da forma como elas queriam – mesmo quando contratam alguém". 

O Arquitetura na Periferia apresenta às mulheres práticas e técnicas de projeto e planejamento de obras e oferece um microfinanciamento para que conduzam com autonomia e sem desperdícios as reformas de suas casas. Mas as transformações vão muito além dos espaços construídos. "A casa é muito mais do que um espaço. A casa é raiz para todas as relações que acontecem. Então ela diz muito também da autoestima, da qualidade de vida", concluem.

A segunda edição do prêmio está chegando! Fique ligado e acesse o portal Habitability para saber mais e aprofundar o olhar para um futuro inteligente, que seja possível, consciente e construído por diferentes perspectivas.

Créditos

Imagem principal: Divulgação / Reprodução

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