Responsável pelas principais conquistas femininas do skate mundial, a atleta manobra nas pistas e na água, enquanto se prepara para os Jogos Olímpicos
Cinco vezes campeã dos X Games e atual quarta colocada no ranking mundial, a paulistana Leticia Bufoni, 27, é um dos nomes mais importantes do skate, na modalidade street. Longe das competições, que foram canceladas por conta da pandemia, ela teve que adaptar os treinos ao longo de 2020 para se preparar para seu maior desafio da carreira: garantir uma vaga na Olimpíada de Tóquio, que está prevista para julho deste ano. “O impacto da estreia do esporte nos Jogos Olímpicos é gigante. O skate feminino do Brasil está em alta e muito bem representado”, celebra a atleta.
Movida a energia solar, Leticia treina pelo menos três horas por dia na pista que tem no quintal de sua casa, em Los Angeles, na Califórnia. Além de mandar bem no asfalto, é apaixonada por esportes aquáticos, como surf e wakeboard: “2020 foi o ano em que mais tive contato com com mares e lagos, a energia da água me renovou”, conta. No papo com a Trip, ela conta como foi encarar um ano fora das competições, a preparação para Tóquio e sua ligação com a natureza.
Trip. Como você atravessou 2020 sem poder competir?
Leticia Bufoni. É triste que a gente esteja longe das competições, que é o que mais amamos fazer, mas foi um ano que todos os skatistas precisavam. Foi bom para podermos nos recuperar de lesões, descansar, ficar um pouco em casa, recarregar as energias. Acredito que todo mundo vai voltar muito mais forte para a Olimpíada.
Como adaptou seus treinos durante a pandemia? Nos dois primeiros meses, não treinei tanto skate, foquei no físico, porque estava com bastante medo de ter uma lesão que me fizesse ter que ir ao hospital. Depois, voltei a treinar skate, porque já não aguentava mais ficar parada. Por sorte, tenho uma pista no quintal de casa, tanto no Brasil quanto na Califórnia.
O que a estreia do esporte na Olimpíada representa para o skate feminino brasileiro? O skate feminino do Brasil está em alta e muito bem representado. Entre as cinco primeiras do ranking mundial, três são brasileiras: Pâmela Rosa, Rayssa Leal e eu. Não tenho dados, mas acho que o Brasil é onde tem mais meninas andando de skate.
O meio do skate é machista? Como encontrou seu espaço no esporte? Sim, sempre foi um meio muito machista, porém, isso vem mudando bastante, as meninas hoje são respeitadas. Quando comecei a andar, sofri preconceito por conta dos meus vizinhos, mais até do que dos próprios skatistas. Eles ficavam me chamando de “maria joão”, “maria homem”, “sapatão”, isso incomodava muito meu pai, que chegou a quebrar meu skate no meio. Foi uma barra convencer ele de que o esporte era a minha paixão.
Quais skatistas mulheres te inspiram? A norte-americana Elissa Steamer [quatro vezes medalha de ouro nos X Games] me inspira muito. Foi uma das primeiras mulheres a ter modelo de skate, de tênis e a filmar uma vídeo parte [tipo de filmagem de manobras de skate]. A Vanessa Torres [primeira mulher a ganhar uma medalha de ouro nos X Games, em 2003], dos Estados Unidos, também tinha um estilo muito bom.
Já sentiu medo em cima do skate? Sim, várias vezes. O momento que dá mais frio na barriga é quando você vai tentar uma manobra em um corrimão grande, dá medo de machucar.
Além de manobrar no asfalto, você também pega onda. Qual a ligação entre o lifestyle do skate e do surf? O lifestyle do surf e do skate são totalmente diferentes e, ao mesmo tempo, são parecidos. Skate é mais “street style”, surf é mais tropical. Se eu não pudesse praticar esportes ao ar livre e estar em contato com a natureza, seria depressiva. Não sou de ficar pendurada ao telefone, nem no computador. Preciso sair, me movimentar.
Você está sempre em contato com a natureza e com a água. Busca levar uma vida mais sustentável? Sempre apoio tudo o que é sustentável. É importante escolher produtos que tenham menos impacto ambiental, como um protetor solar que não agrida os corais, por exemplo. Sou uma pessoa que está sempre no mar e por que não proteger algo que eu amo tanto?
Qual foi o mar mais bonito em que já mergulhou? A Praia dos Carneiros [no litoral sul de Pernambuco] tem um mar muito lindo, com muitos corais e água super quente. Quando estive por lá em dezembro de 2020 para participar da Casa Bufoni, mergulhei na Ilha de Santo Aleixo, que fica perto de Carneiros. A vida marinha é incrível, dá para ver os peixes e os corais em todo o lugar. Digo que é o nosso Caribe brasileiro.
* Australian Gold lança a linha Gel Creme, primeira no Brasil que garante proteção completa para a pele e é 100% segura para os corais.