Abolidos há quatro anos das grandes linhas de montagem, tornos mecânicos old school resistem em pequenas fábrica da grande São Paulo
O tipo de torno mecânico que o então operário Lula manejava na Villares, no fim da década de 70, é a mesma máquina na qual João Zanzin trabalha diariamente até hoje. O torneiro mecânico de 42 anos está há quase duas décadas na função e também aprendeu seu ofício no Senai – que fechou o curso em 1993 por falta de demanda industrial, quase 30 anos após a formatura de nosso presidente. “Faço peças não seriadas de todo tipo”, explica João. “É quase um trabalho artesanal”, complementa José Eustáquio de Sousa, que trabalha com o torneiro em uma ferramentaria em São Bernardo do Campo.
Abolidos há anos das grandes linhas de montagem, tornos mecânicos old school resistem em pequenas fábricas na região metalúrgica da Grande São Paulo. “A função do torneiro ainda existe, mas de forma totalmente diferente. O nome e as máquinas mudaram, e precisa ter outro tipo de conhecimento”, diz José Paulo da Silva Nogueira, diretor do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. “A função, como muitas outras, foi sumindo com as novas tecnologias. No fim da década de 70 [quando Lula era torneiro mecânico na Villares], havia 240 mil trabalhadores na indústria metalúrgica do ABC. Hoje, apesar dos recordes de produção da indústria automobilística, esse número não passa da metade.”