Para Distrair...
Outro dia assistia a um documentário e de repente viajei na batatinha, brincando na imaginação. Às vezes deliro, demoro-me dentro da irrealidade e é só para descontrair. Quem lê meus textos com freqüência (meu agradecimento sincero) já pôde observar. Tenho TV a cabo exatamente para assistir documentários e reportagens. Parece que o motivo de viver é aprender. Daí, procuro aprender o quanto posso. Veja só o que pensei e agora procuro colocar em uma ordem lógica:
Dois desses corajosos (para não dizer malucos) escaladores de montanhas de gelo lá da Groelândia, estão montando uma cabana para abrigá-los do frio à noite. O nível de dificuldade é enorme. Estão com tanta roupa no corpo que mais parecem astronautas que alpinistas. As luvas e a máscara atrapalham tornando a tarefa que parece simples, extremamente complicada.
Eles precisam ser rápidos. A luz vai rareando, o frio vai ficando congelante e os ventos chegam a assobiar nos desvãos do espaço escolhido para acampar. O sujeito que esta esticando os cordames da barraca tenta fixar uma espécie de gancho pontudo no chão de neve e gelo. Ambos demonstram enorme preocupação com a demora na armação da cabana. Discutem, até que um deles, ao pegar uma faca para limpar parte da ponta da lona, descuida-se.
A faca gruda na pele, qual houvesse uma cola ou um imã poderoso na mão nua. Ao tentar tirar com a outra mão, sente que esta arrancando a pele junto. É um fenômeno já conhecido: o aço adere à pele no frio extremo. Caso se tente separar, a pele fragilizada pelo frio, rompe-se e sai no aço.
Então ocorre aquele momento em que a genialidade humana se apresenta para salvar no perigo. Recorda-se que a urina é quente. Todo homem sabe que para achar o pênis no frio é complicado. Ele quase se esconde. No gelo do Ártico então, ele deve desaparecer, sumir. E, com toda aquela roupa e a faca grudada em uma das mãos, imagine o grau de dificuldade da manobra.
Por fim, depois de vencer a tensão que impede, ele descontrai e consegue algumas gotas do “precioso” líquido quente. Depois daquela complexa operação, a faca, como que por milagre, escorrega da mão suavemente. O alívio é enorme.
O companheiro esta terminando o complicado trabalho de espetar ganchos no gelo abaixo da neve para fixar os parafusos da barraca. De repente, ao querer fazer tudo muito rapidamente, esquece que o parafuso é de aço. Imprudentemente, como se faz com pregos, ele colocou um dos parafusos entre os lábios, enquanto fixava outro. Quando quis tirar, evidentemente, o aço já havia agarrado aos lábios fortemente. Tentou arrancar e a boca quase veio junto. A dor o parou. E agora?
O companheiro ofereceu-se para ajudar. Mas como? Do único possível naquela altura do campeonato. Urina quente, como no caso da faca. Sem poder falar senão guturalmente rejeitou a “generosa” oferta do parceiro veementemente. Urgia tomar uma atitude imediata. A noite já tomara conta da luz, os ventos cortavam e o frio estava impossível de suportar sem a cabana.
Sem se falarem nada, continuaram armando a barraca e quando já a salvo dentro dela, os medicamentos foram preparados para a pequena operação. E ai, melhor a dor, ficar sem parte da pele dos lábios e manter a boca sem mácula? Qual seria sua opção? Não pergunte a minha. Inventei a história daí sou eu quem pergunto, ou não?
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Luiz Mendes
25/07/2011.