Teologias a parte

por Luiz Alberto Mendes

Quem é ateu?

 

Que me desculpem aqueles que acreditam, mas é preciso dizer. Para mim, pessoalmente, se é para ter fé no deus como se me é apresentado pelas teologias religiosas, não tenho. E com a maior tranquilidade do mundo, sem sentir estar contra nenhum princípio. Porque o deus como é apresentado pela bíblia não tem nada a ver com a idéia de um possível criador, de acordo com a racionalidade e as evidências científicas modernas. Não consigo entender como entra na cabeça das pessoas essa verborragia com que se tenta explicar o inexplicável.

Jamais, nem em meus tempos de menino, consegui ver Jesus como Deus. Eu o amava e o amo ainda pelo amor, pela idéia e prática da irmandade entre nós humanos, do perdão aos que mais nos feriram e magoaram, do servir, dar e fazer pelo outro desinteressadamente. O Sermão do Monte é o maior brado humanitário que se tem notícias na história. O que me espanta às vezes é que ele era mesmo um ser real, de carne e ossos e usando o banheiro como qualquer um de nós (engraçado, nunca vi referência a esse fato). E para mim, é exatamente ai que esta sua maior glória: era como nós e fez o que fez e falou o que falou. São mais de 2 mil anos e ninguém disse algo tão fundamental e com tamanha naturalidade: "Não faça aos outros o que não queres que te façam". Existe algum tratado de sociologia ou até psicologia, onde tantos tratados existem, que exprima algo tão simples e útil quanto ao relacionamento humano? Um ser humano grandioso, provavelmente o maior de todos nós.

Não dá para engolir as sandices messiânicas, os tais dogmas, como por exemplo o da infabilidade papal. Na época da Alemanha nazista, o papa de então assinou um acordo com a Alemanha de Hitler chamado de "concordata". Os padres seriam financiados pelo Estado, quase funcionários públicos, em troca o Vaticano exigiria silêncio político de seus padres e a aceitação do regime nazista. Não houve um protesto firme da Igreja contra a tal "solução final" do judeus nos territórios invadidos pelos nazistas. Não dá para engolir teologias erguidas há séculos ou até milênios, quando se acreditava em "diabo", céu, inferno, tem até um lugar inventado especialmente: o purgatório católico. Não dá para engolir essa história de dízimo; de Igrejas e pastores ricos, milionários; idiossincrasias monumentais; ou ser regido por um livro que foi amplamente manipulado e filtrado pelo homem e seus interesses escusos.

Provavelmente os padres e pastores não me considerariam exatamente um religioso. Assim como os ateus não me enxergariam como um correligionário. Nenhuma das duas propostas me agradam ou atraem. Creio também que pouco importa o que eu penso ou minhas estúpidas idiossincrasias. Tendo a ser mais simpático à posições que sejam mais corajosas. Ser ateu hoje em dia não significa ser mau, perverso, desumano, nem mesmo agressivo. Muito pelo contrário; conheço e tenho amigos ateus. Eles são extremamente educados e acreditam, tem fé em outra coisa; no homem, apesar do próprio homem. 

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Luiz Mendes

05/08/2013.

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