Carlos Burle, um dos maiores big riders do planeta
A proposta de contar a sua experiência de vida começou meio por acaso, primeiro para os funcionários da Redley, seu patrocinador de longa data e marca que ele assina uma coleção, depois, para um grupo da Red Bull, outro de seus patrocinadores, quando improvisou substituindo Bernardinho na última hora. O seu talento, e a adequada analogia entre a preparação e a superação para se surfar ondas grandes com os desafios encarados numa corporação, chamou a atenção de Simone Martins, da Team Work Hunting, que tratou de formatar o produto.
Na semana passada, festejada como a do meio ambiente, ele foi o escolhido para falar sobre gerenciamento de riscos para funcionários da Brasken. Acabava de chegar de uma temporada na África do Sul, onde iria disputar o Big Wave África, adiado devido às ondas, que chegaram a seis metros, não apresentarem as condições ideais, e foi direto para os pólos petroquímicos para as suas primeiras apresentações profissionais, com a participação de seu inseparável parceiro de tow in, Eraldo Gueiros. Apesar do sucesso e de entender as palestras como uma forma de levar o surf a outro patamar, e, assim, retribuir um pouco o muito que o surfe lhe deu, ele vê a atividade como mais uma em sua carreira, a se somar à consultoria em produtos e a, também recente, de empresário no ramo de molhos para saladas.
Mas confessa que ainda fica muito mais à vontade surfando as morras do que encarando a audiência: 'A adrenalina, o coração disparam... mas rola uma admiração por parte do público, é o conteúdo da minha vida'. Seus fãs portanto podem ficar tranqüilos, Burle não pensa em parar de ir atrás das ondas grandes antes dos 45.
Sua história começou no Recife e ao atingir a maioridade participou do primeiro circuito brasileiro profissional. O segundo lugar logo na primeira etapa e o quinto no ranking no final da temporada ajudaram seu pai a desistir de empregá-lo como funcionário na loja de autopeças da família. Mudou-se para o Rio e se dedicou às competições. Logo percebeu que se destacava mais quando o mar subia, o que não acontece com muita freqüência no circuito nacional. Os resultados foram rareando e perdeu o patrocínio da extinta Plâncton. Virou mercador entre Bali e Brasil e com isso foi garantindo as temporadas havaianas, onde testou e desenvolveu suas habilidades. Em 1998 foi campeão mundial de ondas grandes e em 2002 campeão do XXL com uma onda estimada em 67 pés. Acredita que surfar a onda de 100 pés é possível. Ele tem mesmo muito para contar.
NOTAS
SuperSurf
Por falar em onda grande, a praia de Maresias recebeu a segunda etapa do circuito brasileiro, que começou ontem, em grande estilo: dois metros de ondas tubulares, sem vento.
WCT aporta em Reunião
A quinta etapa do WCT começa hoje nas Ilhas Reunião, em Saint Leu, ao sudeste da África do Sul, e vai até 4 de julho. Tom Curren, 40, foi convidado a participar e aceitou. Seis atletas, entre eles Neco Padaratz, estão fora por contusão. Bruno Santos entra.
Cruzando os Estados Unidos
Começou no dia 19 de junho a 23ª edição da Race Across America, uma maratona ciclística que cruza os Estados Unidos, de oeste a leste. São 4.800 quilômetros de pedal, e o brasileiro Ricardo Arap está representando a pátria na categoria solo.