por Luiz Guedes
Trip #186

O VW 1600 não fez sucesso, vendeu pouco e acabou famoso pela alcunha de Zé do Caixão

Primeiro modelo de quatro portas lançado pela Volkswagen do Brasil, o modelo VW 1600 esbarrou no gosto popular e na alcunha “Zé do Caixão”

Tinha tudo para dar certo. Ao apresentar o VW 1600 no Salão do Automóvel de 1968, a Volkswagen acreditava estar proporcionando ao consumidor brasileiro um upgrade em relação ao Fusca. Afinal, o novo modelo vendia a mesma confiabilidade mecânica e a fama de inquebrável, porém com o inédito motor de 1.600 cm³, além do maior conforto da carroceria de quatro portas.

Na teoria, o cenário parecia favorável. E tudo indicava que a novidade permitiria à marca combater os lançamentos da concorrência, reforçando a liderança folgada do mercado. Mas faltou um detalhe. Um pequeno mas decisivo detalhe: por mais que a fábrica insistisse, o público jamais enxergou a beleza destacada nas campanhas publicitárias do VW 1600. Pior: com excessivas linhas retas, visual quadrado e quatro maçanetas, o modelo logo ganhou a fatídica alcunha de “Zé do Caixão” – inspirada no nome artístico do cineasta de terror José Mojica Martins.

O lançamento foi em janeiro de 1969, mas as vendas jamais chegaram às previsões otimistas da Volkswagen. A rejeição imediata decretou o fim prematuro do VW 1600, que abandonou a linha de produção em dezembro de 1970.

De táxi a raridade
A lei da oferta e da procura jogou o valor de mercado do modelo muito abaixo da tabela oficial. E o “Zé do Caixão” acabou encontrando refúgio nas mãos dos motoristas de táxi. Até por isso, tornou-se um automóvel raro e valorizado. Hoje, os poucos sobreviventes da dura “vida na praça” são considerados objetos disputados por colecionadores. “Não tem quem não olhe ou pergunte sobre o modelo”, afirma o administrador Cesare Bonami, 38 anos. No caso dele, aliás, o carro tem um valor ainda maior, já que pertence desde zero quilômetro à sua família. “Meu pai comprou esse carro para minha mãe em 1969. Eu ainda nem havia nascido, mas lembro de passear com a minha mãe e de ir à escola com ele”, diz. “Atualmente, vejo que foi um bom investimento financeiro tê-lo guardado por todo esse tempo. Mas nada se compara ao prazer de poder rodar com ele nos finais de semana e recordar todos os bons momentos que já passei no seu interior em todos esses anos.”

 

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