Seleção de Marvin Gaye, releituras para a caridade ou pop indiano? Faça a sua escolha
Marvin Gaye 50 (Motown/Universal)
Dia 1º. de abril de 1984. Os fãs de Marvin Gaye foram surpreendidos com uma notícia que poderia muito bem ser um trote do dia da mentira: o músico havia sido assassinado pelo pai, o revendo Marvin Gay, após uma discussão. Vinte e cinco após a sua morte, a Motown relembra a incrível carreira do multiinstrumentista com o audacioso Marvin Gaye 50, disco triplo com uma seleção de 50 músicas. Os três discos fazem um passeio rápido pelas diversas fases do cantor, desde o início de Motown (“I Heard it through The Grapevine”), parcerias ao lado de cantoras (“Ain´t No Mountain High Enough” e “The Onion Song”, Tami Terrell; “You´re Are Everything”, Diana Ross), hits memoráveis (“Let´s Get it On”) até a fase politicamente engajada (What´s Going On”, “What´s Happening Brother”) . Para aqueles que nunca ouviram Marvin Gaye, este disco é uma lição de casa caprichosa e obrigatória.
Após cumprir com as expectativas de milhares de telespectadores ao levar a estatueta como Melhor Filme do Oscar 2009, a obra-prima de Danny Boyle deve boa parte do sucesso a um sujeito até então desconhecido, o indiano A R Rahman. Responsável por cuidar da trilha sonora de Slumdog Millionaire, Rahman conseguiu transformar em som o caos visual de Boyle, e acertou ao misturar o freestyle de M.I.A. (“Paper Planes”), a cantora bollywoodiana Alka Yagnik (“Ringa Ringa”), o gangsta rap indiano de BlaaZe & Tanvi Shah (“Gangsta Blue”) e outros cantores indianos temperados na medida com toques do pop ocidental (“Aaj Ki Raat”, “Liquid Dance”). Sem contar a pegajosa faixa oficial do filme, “Jai Ho”. Não é por acaso que duas das oito estatuetas arrematadas pelo filme (Melhor Trilha Sonora Original e Melhor Canção Original) estão na estante de Rahman.
Imagine você rock star e famoso. Agora imagine você se deparando com um cover de alguém bem intencionado, porém com qualidades musicais de cunho duvidoso. Como não correr esse risco? Siga o exemplo deste disco que reúne excelentes releituras feitas por artistas como Beck (“Leopard –Skin Pill-Box Hat”, Bob Dylan), TV on The Radio (“Heroes”, Bob Dylan), Hot Chip (“Transmission”, Joy Division), Duffy (“Live and let Die”, Paul McCartney), Peaches (“Search and Destroy”, Iggy Pop), Yeah Yeah Yeahs (“Sheena is a Punk Rocker”, The Ramones) e Franz Ferdinand (“Call Me”, Blondie). Todos devidamente selecionados pelos donos das músicas. Se isto não é suficiente para você comprar o disco, talvez o seu lado filantrópico fale mais alto. O lucro arrecadado vai para a instituição War Child, que ajuda crianças em zonas de guerra no Afeganistão, Congo, Irã e Uganda.
