Seu nome é praia

por Redação

Layne Beachley, uma mulher do mar

Dizem que a surfista australiana Layne Beachley, 31, Beach para os íntimos, tem na parede de seu quarto um pôster que é de tirar o fôlego de quem ali entra. Nele, se vê uma mulher dropando uma parede de água de 15 pés. Trata-se da própria Layne, uma apaixonada por ondas grandes, numa sessão na qual foi rebocada pelo então namorado e ícone do surfe em big waves Ken Bradshaw, em Jaws, Havaí.

Eles não estão mais juntos, mas, por conta dessa paixão, pelo surfe, esclareça-se, Layne chegou aonde nenhuma outra mulher jamais chegou. Ou melhor, aonde até hoje nenhum outro ser humano chegou. No dia 14 de dezembro, no Billabong Pro em Maui, Havaí, Layne Beachley sagrou-se campeã mundial de surfe e soma agora seis mundiais consecutivos. Só seu amigo norte-americano Kelly Slater tem essa quantidade de títulos e, mesmo assim, não consecutivos.

Quando o também australiano Mark Richards, ainda no início da década de 80, conquistou o tetracampeonato, todos acharam que ele havia estabelecido uma marca impossível de ser batida. O Tour era novidade mas, num esporte jovem em que a todo momento surgem novos talentos dispostos a derrubar os antigos, o recorde parecia eterno.

Dez anos depois Slater começou a desintegrá-lo, e quando chegou ao seu quarto título, Richards ainda contestava por não serem consecutivos como os seus. Mas aí vieram o quinto e o sexto, para calar o precursor das bi-quilhas. Pouco depois, em 1997, foi a vez da norte-americana Lisa Andersen conseguir o seu tetra no circuito feminino. De novo, pareceu que o recorde era imbatível.

A marca estabelecida por Layne é, portanto, espetacular. Num circuito cada vez mais disputado, suas chances de sacramentar o feito histórico eram pequenas. Ainda porque, pela metade do tour, ela despencou no ranking, chegando a dizer que estava sem motivação, entrando na água apenas pelo resultado e não mais pelo prazer de surfar, e que talvez este fosse seu último ano em competições.

Mas Layne, em algum ponto do Pacífico, reencontrou a pureza do esporte e chegou à Maui, para a última etapa do circuito, na vice-colocação. No dia 12, na primeira fase do campeonato em Honolua Bay, ela mostrou que estava pronta para o título quando conquistou o primeiro "10" de seus 15 anos de carreira, deixando o público e os juízes em suspense ao "desaparecer" dentro de um tubo numa onda de dez pés. Depois de (contados) seis segundos, ela saiu do outro lado, levantando a torcida na areia.

Dois dias depois, ela garantiria o título mundial mesmo ficando com a segunda colocação na última etapa do tour. Especialista em ondas grandes, Layne é a surfista que melhor conhece Sunset, Pipeline e tubos e, há dez anos, passa pelo menos seis horas por dia na água quando está no North Shore havaiano.

Ao sagrar-se hexa, tratou de avisar, ainda emocionada, que está animada para tentar o hepta ano que vem. E que, para continuar estimulada, gostaria de competir, pelo menos durante algumas etapas, com os homens. "Mas não quero em mar pequeno. Quero me misturar a eles em ondas grandes, de mais de oito pés", avisou. Se ela precisa desse tipo de estímulo para continuar fazendo história, os homens que se cuidem.

NOTAS

MUNDIAL DE SURFE - WCT

Jacqueline Silva continua e Tita Tavares volta à elite mundial em 2004. No masculino o número de brasileiros caiu para oito atletas e a única novidade é Raoni Monteiro. E o título será decidido até sábado, quando termina o período de espera do Xbox Pipe Masters.

MUNDIAL DE WINDSURFE

O brasileiro Ricardo Campello, 18, se tornou o mais jovem campeão mundial (PWA) ao vencer a última etapa em Bonaire, Antilhas Holandesas, na categoria freestyle. Kauli Seadi, também brasileiro, foi vice-campeão.

CANOAS HAVAIANAS

A final do Brasileiro acontece em Ilhabela neste domingo.

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