A Cabeça, de Luiz Vilela, expõe o lado surreal do Brasil
A Cabeça, de Luiz Vilela
Cosac & Naify, 132 págs., R$ 18
Uma cabeça de mulher em plena rua, na manhã de domingo, reúne curiosos à espera da polícia. Diálogos entrecruzados traçam o retrato falado da nossa truculência. Tocando narrativas a golpes de diálogos ágeis, Vilela lança o leitor, de imediato, na questão. Com ouvido sutil para o coloquial, expondo fragilidades ou ferocidades, dá voz e vez aos personagens. Em ?Calor?, um convalescente priápico é visitado, no hospital, por uma sobrinha muito desejável. Em ?Suzy?, é a jovenzinha afoita que atemoriza o adulto. Em ?Luxo?, dois empreiteiros discutem o tamanho mínimo necessário de um banheiro de empregada. As criaturas nascidas da cabeça do mineiro Luiz Vilela fazem parte de nossa surreal realidade brasileira. Dez contos magistrais: sim, existe grande escritor fora do eixo Rio?SP e dos holofotes da mídia.