Um nobre exemplo da mistura do sangue belga com o tempero carioca
A paulista Sabrine Beck tem dupla nacionalidade. A família do pai é belga, mas o frio europeu ficou apenas na ascendência, pois ela está sob o sol do Rio de Janeiro desde o primeiro ano de idade. Quando criança, caiu de encantos por um sapo. “Meus irmãos me deram um sapo na mão e falaram pra eu beijar, senão ele ia morrer”, explica Sabrine. Apesar de confessar ter beijado o bicho, garante que ele não virou príncipe. O príncipe de verdade ela namora há quase um ano. Ele a conquistou pela simplicidade. “Nunca namoraria um mauricinho, desses que gostam de balada. Eu mesma sou mais riponga, gosto de coisas simples, de acampar, de me enfiar no mato, me rasgar toda [risos]”, conta.
Violência, falta de respeito e miséria são assuntos que mexem com Sabrine. Quando pergunto seu filme preferido, a resposta evasiva padrão “são tantos.” logo toma foco e se transforma em “gosto de filmes que têm morte; quanto mais realista, melhor”. Palavra de quem aos 17 anos embarcou junto com o avô para o Camboja, “para conhecer a realidade de lá”. “Eu acho um absurdo esses gringos que vêm ao Rio fazer safári na favela. E, por mais que eu condene isso, fui viajar, fazer o mesmo, para entender o que acontece. Como assim, virou espetáculo ver as pessoas sofrerem?”, diz. E o que a tira do sério? “Ah, falta de respeito das pessoas, principalmente no trânsito. Se eu pudesse socar uma pessoa por dia, eu seria muito mais feliz [risos].”
Essa simplicidade e preocupação podem até conflitar com a vida rodeada de cuidados que uma modelo tem, mas ela vê a atual carreira como uma atividade paralela. “Apenas para ganhar uma grana, garantir minhas viagens.
Eu quero terminar minha faculdade de Administração e trabalhar com isso”, sentencia.
A vida íntima ela guarda a sete chaves. Mesmo com insistência do repórter, ela se esquiva docemente e apenas diz que prefere dividir a cama com o namorado a dormir sozinha. Aliás, Sabrine deixa claro que a vida ao lado de alguém é melhor do que a solteirice. “Até pra sair você se sente mais à vontade, fica mais protegida. Não existe um pingo de respeito dos homens com as mulheres, nem na rua, nem em baladas. Adorei a reportagem da Tpm [edição #74] e Trip [#164] sobre a falta de respeito dos homens com as mulheres. Deveria ter um outdoor gigante daquilo espalhado no Brasil inteiro.”
Extrovertida, mas não muito, prefere a discrição no dia-a-dia e pratica o desapego da vida tão cheia de glamour proporcionada pelo mundo das passarelas, que lhe rendeu algumas saias-justas no seu trabalho. “Uma vez fui até a agência toda descabelada, bolsa de palha, chinelo, e as pessoas ficaram espantadas, pois estava rolando uma seleção, e todas as outras meninas estavam supermaquiadas.”
Para as lentes da Trip, ela se mostrou bem à vontade, sem malícia nem maldade. Apenas destilando o olhar doce e azulado que sobressai naturalmente em seu rosto.
Sabrine Beck L’Agence Rio Produção e Estilo Abidon Kaifatch Make & Hair Malu de Souza (Agência Helenos) Créditos de moda Mara Mac, Vitima Vintage, Pselda, Redley, Saint Peter, Blue Man
Agradecimento Marcio Melges