Reflexões sobre o escrever

por Luiz Alberto Mendes

A leitura é como uma faísca de isqueiro para fazer nascer o fogo com o toque do escritor

Papo de Escritor II

 

1)       A leitura é como uma faísca de isqueiro para nascer o fogo com o toque do escritor.

 

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2)       Escrever é um ato individual que ao toque da visão do outro pode ficar bem melhor.

 

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3)       Caso esteja a fim de falar, desabafar, soltar sua voz, seus bichos, escreva primeiro. De uma coisa você pode ter certeza; ninguém vai te interromper e você dirá tudo o que deseja. Leia depois. Provavelmente rasgue o escrito e esqueça. Quase sempre percebemos ao ler depois, que nem vale a pena.

 

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4)       As crianças exprimem uma das principais razões de ser da Literatura, ao expressarem seus sentimentos e preocupações. Quando demonstram em seus textos que sonham razo, com questões primárias de sobrevivência de seu cotidiano, é porque suas preocupações e medos não as permitem aos altos vôos do imaginário. A recíproca parece ser verdadeira.

 

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5)       Escritor é aquele que possui clarões de percepção de como as coisas podem ser de verdade, diferentemente do que os condicionamentos e convenções sociais habituam as demais pessoas a enxergarem. Ser escritor, penso, é um sonho.

 

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6)       Na verdade acredito que o escritor é aquela pessoa que busca a necessária sinceridade consigo mesmo para se exprimir a partir de sua verdade pessoal.

 

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7)       Somente me reconheço como escritor a partir do fato de que sempre tive necessidade de explicar tudo em detalhes, discutir até esgotar e jamais me conformar com algo que me fosse dado, sem poder questionar. Falava demais e explicava exaustivamente, em suma: um chato! Mas para escrever profissionalmente, quem não tem essa necessidade de explanar e expandir, não sei se consegue.

 

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8)       Acho que escritor é escritor o tempo todo. Onde estiver estará lendo o que o cerca com olhos críticos de quem quer entender com profundidade para escrever com o máximo de veracidade. Não tem mais sossego. Esta condenado à reflexão contínua para ser coerente em e com seu texto. Deve se esforçar por conhecer a alma humana e ser um estudioso dos problemas de  seu tempo. Não pode perder a consciência da alienação em que vivemos. Será um eterno faminto por conhecimentos substanciosos, livros, biografias, viagens, conhecer novas pessoas, enfim de alimentar seu espírito. Ele necessita dizer, contar para os outros. Não pode mais dizer abobrinhas e muito menos conversar fiado.                                                          

 

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9)       Ler e escrever quase todos o fazem. O importante é compreender o que se lê em relação ao mundo que se vive e agir em conseqüência.

 

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10)   Ser metódico e organizado nada tem a ver com textos de boa qualidade. Texto bom é aquele que possui vida e vida depende de viver e não organizar e pensar apenas. Caso contrário os burocratas seriam os maiores escritores do mundo. A gente conhece a história dos grandes autores o suficiente para saber que não foi bem assim, até muito pelo contrário.

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Luiz Mendes

08/12/2009.

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