por Douglas Vieira

Os rappers abrem em São Paulo a turnê Vivos, com primeiro show em 16 anos, para mostrar clássicos como ”Oitavo anjo” e ”Saudades mil”

Há 20 anos, uma dupla conseguia vencer os muros do extinto presídio do Carandiru e ganhar atenção nacional. Não, não era uma fuga, não era um filme, eram dois jovens rappers que se conheciam desde a infância e, em 1999, se reencontraram na cadeia: Dexter e Afro X formariam naquele ano o 509-E, referência à cela que ocupavam no Pavilhão 7 da Casa de Detenção de São Paulo. "Morei no Pavilhão 2 uns seis meses e depois eu e o Afro X compramos um barraco no 7, onde ele já morava. Tinha uma 'imobiliária' na detenção. Compramos a cela 509-E", lembra Dexter. "Nossa cela virou um lugar incomum, era diferente das outras. Os caras que organizavam a prisão iam lá tomar café e ler, porque tinha paz, música e livros. A cela 509-E passou a falar de vida." 

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Essa história, interrompida há 16 anos, quando fizeram a última apresentação, será celebrada novamente na turnê Vivos, que começa com uma apresentação na Audio, em São Paulo, no dia 24 de agosto, e segue por todo o Brasil para celebrar os 20 anos de formação do 509-E.

Hora de o público das antigas do rap nacional encontrar gente da nova geração para curtir clássicos do grupo como "Oitavo anjo", "Saudades mil" e "Mile dias", enfileirados nos dois discos que escreveram dentro da famosa cela: Provérbios 13 (2000) e MMII-DC (2002).

Na época, lançar os dois trabalhos significou a eles a conquista de um privilégio: sair da cadeia 157 vezes para apresentações. "O que me mantinha firme era saber que, no dia seguinte, eu ia sair de novo. A gente estava desenvolvendo um trabalho muito legal, bonito, cantando coisas importantes. Eu imaginava como se estivesse voltando para a minha casa. Vou dormir, descansar e amanhã cedo eu saio para trabalhar de novo", lembra Dexter.

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Créditos

Imagem principal: Heitor Loureiro

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