Proibido para maiores

por Redação

Aos 17 anos, Aaron Hadlow conquista o bicampeonato mundial de kitesurfing

"Quem é bom vai para o céu."

Estampada em vários outdoors espalhados por Fortaleza, a frase anunciava o SuperKite, etapa brasileira do mundial de kitesurfing encerrada domingo passado na capital cearense.

Tivesse sido usada na primeira edição disputada no Brasil, em 2003, seria perfeita, agora nem tanto. O esporte que conta seu tempo de vida ainda em um único dígito mudou radicalmente nos dois últimos anos.

Surgido na neve como kiteskiing, foi adaptado para a água pelo francês Manu Bertran com a valiosa ajuda do waterman Laird Hamilton. A proposta no início, em meados dos anos 90, era usar a pipa bem no alto, para decolar com a prancha da água e voar longas distâncias executando manobras mais lentas e plásticas.

Coisa do passado. Hoje as manobras mais valorizadas exigem que a pipa fique mais baixa, próxima da água, e são rápidas, com muita pressão, arrasto e cheias de contorções e giros tanto do conjunto atleta/prancha quanto do velame.

Impulsionada pela evolução dos equipamentos, a transformação no conceito de avaliação do esporte causou um furacão no circuito. Depois de uma temporada, a do ano passado, na qual habituais competidores, ídolos como o inglês Mark Shinn e o argentino Martin Vari, levaram uma escovada da molecada que invadiu o tour da PKRA – associação americana e a mais forte no esporte –, este ano eles nem apareceram.

Reinventado, nas competições o esporte vive sob o domínio dos adolescentes, mais capazes de suportar os impactos das manobras e se recuperar das lesões. Campeão mundial aos 16 anos, em 2004, o inglês Aaron Hadlow acaba de conquistar o bicampeonato mundial no freestyle em Fortaleza, a oitava e decisiva etapa da temporada.

Na sua cola, vindo de duas vitórias no circuito, o holandês Ruben Lenten, 17, era o único com chances de ameaçar o defensor do título. Vencedor da primeira série, Lenten ficou esperando pelo ganhador da segunda, uma espécie de repescagem que dá uma nova chance a todos. Hadlow, a essa altura com o Mundial já assegurado pela soma dos resultados, venceu a repescagem e desafiou Lenten na decisão. Disputada em duas baterias, o magrelo inglês ratificou a condição de favorito e venceu pela quarta vez na temporada. O melhor brasileiro foi Guilly Brandão, que não participa de todas as etapas, quinto colocado.

No feminino o título já estava assegurado pela alemã Kristin Boese, 28, que venceu no Brasil pela sexta vez na temporada e fechou o ano com 100% de aproveitamento considerando os dois descartes previstos no regulamento. A final foi com a brasileira Bruna Kajiya, 17, que em sua primeira temporada no circuito da PKRA terminou como a terceira melhor do mundo.

Considerado esporte do futuro e supermoderno quando surgiu, o kite tem atraído uma novíssima geração de praticantes e, agora, com equipamentos que dão mais segurança e o tornam mais acessível, está entre os esportes que mais crescem no mundo. O Brasil está entre os melhores lugares para a prática, não à toa fecha o tour, e tem uma garotada só esperando uma oportunidade. Já é um esporte do presente, e com um longo futuro.

NOTAS

Mundial de corrida de aventura

Das 46 equipes que iniciaram a prova na Nova Zelândia, 22 já desistiram, entre elas as três brasileiras. A equipe Balance Vector (NZ) está na dianteira com folga. A prova termina no sábado.

Das 46 equipes que iniciaram a prova na Nova Zelândia, 22 já desistiram, entre elas as três brasileiras. A equipe Balance Vector (NZ) está na dianteira com folga. A prova termina no sábado.

Brasileiro de escalada esportiva 

A quarta e decisiva etapa do circuito acontece neste sábado na Casa de Pedra Perdizes, aqui na capital. Cerca de 50 atletas são esperados.

Hepta na TV 

Kelly Slater é o convidado do "Bola da Vez" que vai ao ar neste sábado às 22h30 pela ESPN Brasil. Entrevistado um dia após conquistar o mundial de surfe pela sétima vez, fala com bom humor sobre o Brasil, futuro, prazer.

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