Brasilidade
Minha brasilidade é minha identidade e meu sentimento de pertencimento ao mundo. Quando me afirmo brasileiro, falo sobre o chão onde vivo minha história e as pessoas com as quais desenvolvo minha existência. E minha intervenção no mundo e no país onde nasci é para lutar contra a miséria, a fome e a desgraça provenientes de quem tira lucro com isso. Meu esforço é para que os habitantes dos morros, das favelas, os viciados, os negros, os homens aprisionados, os nordestinos, analfabetos, os apagados socialmente, humilhados e ofendidos, também sejam respeitados como seres humanos, brasileiros e iguais a todos os outros. A existência do povo brasileiro é algo sério demais para ser conduzida por alguns grupos de homens enriquecidos e influentes. Como, por exemplo, esse recém descoberto cartel de empreiteiras para burlar o sistema de licitações proposto pelas leis de concorrência do Estado.
Combato privilégios para que os detentores não se sintam diferentes ou melhores que aqueles que não os têm. Estar ricos, cultos, diplomados, possuir tecnologias avançadas, cheios de vantagens, brancos ideologicamente (privilégios raciais), políticos oportunistas, policiais corruptos ou matadores autorizados pelo Estado. Combato os incentivos para que algumas pessoas sejam distinguidas das outras para se tornarem indivíduos em separado da coletividade e dos demais brasileiros como eles. Discuto com aqueles que querem ter, conseguir mais que os outros, mais prazer, mais conforto, mais vida que os outros. Criam grupos à parte para manter seus privilégios, usando, explorando e tirando lucro da comunidade de brasileiros comuns que não têm acesso aos seus privilégios. Distinguem-se dos outros e causam rupturas nas idéias de solidariedade, igualdade e liberdade de seus conterrâneos, permitindo assim a formação de classes sociais distintas. Aqueles que podem e aqueles que não podem. Veiculam idéias de que os demais sejam menos merecedores da pátria que todos temos. E assim, tornam-se fascistas. "Os porcos são mais animais que os outros animais" diria George Orwell em seu livro "A revolução dos bichos". Os que se cercam de privilégios não são os melhores, os mais inteligentes, nem os mais aptos ou os mais capazes. Antes, são os mais espertos, os mais imorais, os mais baixos e os mais astuciosos que a tudo se submetem para obterem suas vantagens e privilégios. Buscam justificar e naturalizar as leis da natureza da sobrevivência dos mais aptos para o social. Mas e os menos aptos; que lasquem, que se submetam ou que morram? Isso é coisa do nazismo fascista que devastou a Europa de 1933 a 1945, e eliminou mais de 10 milhões de pessoas, entre judeus, ciganos, doentes mentais, comunistas e dissidentes.
Todo aquele que não luta contra as desumanidades dos privilégios que nos dividem, falta com sua natureza humana, aquela que nos liga a todos os seres humanos e consequentemente, a todos os brasileiros como nós.
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Luiz Mendes
28/11/2014.