Poesia Experimental

por Luiz Alberto Mendes

Pensou liberdade fosse coisa de luz/Festa de vida/Tudo parecia mar reto

15/12/2009.

 

POEMETOS

 

I

Pensou liberdade fosse coisa de luz

Festa de vida

Tudo parecia mar reto

Régua de um mundo redondo

Mas, a sensação de tudo estar por um fio

Ainda lhe enchia o peito

A máxima felicidade o fragilizava

Estranhamente.

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II

A noite O invadia

Estava sozinho como um túnel

Por vezes os caminhos pareciam se fechar

E avançar para o fim

Onde nada se podia esperar.

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III

Quando tudo o que restar

For o vento lambendo sua cara

Lembre-se:

O espaço não esgota seus passos

Nada se extravia de seu coração

E para fazer algo com beleza

É preciso ter vivido muita tristeza.

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IV

No auge da hora fria

Quando o espaço se fecha

O tempo constrange e pensar é cela-forte

Quando o chão fica mole

Sobre o grosso dos olhos

Só então percebemos

Que se nascemos e morremos sozinhos

Carecemos viver esse meio tempo

Acompanhados.

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V

Atravessava infernos quentes e frios

Pisava cobras de todas as cores

Mordia marimbondos na bunda

E vivia normalmente...

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VI

Mais uma vez, antes que a alegria se fosse

Como pássaro perdido

Na imensidão do mundo

Pensava que sua tristeza é correta

Porque humana

E chorar é surpreendente como a chuva

A picar no rosto

Cada gota traz sua claridade...

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VII

No sorriso de seu filho

No olhar de quem o amava

Estava tudo o que me pertencia

Nesse mundo.

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VIII

No rastro breve das horas moles

Abria a noite como se abre uma janela

E vivia como se pudesse desistir

Vasculhando e provocando solidão

Esse excesso de ser ele mesmo

Que nada desperdiçava...

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IX

De versos desperdiçados

Nas entrelinhas dos poetas

Vai voando, sem dono, e aterrissa

Na minha palavra, dominando minha história

Porque a vida é desfeita de todas as coisas

E de dura aflição.

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X

Do alto da escada

Se atira úmida e perdida

Escorrida das coxas, surge como louca

Com desejos de samambaias expostos

Atravessou o rio entre suas pernas

Soprando gritos no chão firme de sua cama

Diluindo em ácido

Maços de ódios acumulados.

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Luiz Mendes

26/01/2010.

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