Há 100 anos nascia o Ford Modelo T e, com ele, a linha de montagem que motorizou a humanidade
Se hoje basta irmos à concessionária para fechar negócio e sair dirigindo um modelo zerinho, devemos isso ao Ford Modelo T. Há um século, ele revolucionou o mundo ao inaugurar a primeira linha de montagem em larga escala. Antes disso, automóveis eram produtos artesanais, destinados a poucos e abonados bolsos, feitos por verdadeiros “alfaiates da lata”. Quando foi lançado, em 1909, a montagem de um carro consumia quase dois dias de trabalho. Com a linha de montagem criada pela Ford, o mesmo processo era feito em apenas 90 min – duração de uma partida de futebol.
Mais simples, mais rápida e, consequentemente, mais barata. A produção do Modelo T motorizou a humanidade ao tornar o automóvel mais acessível: em 1925, o veículo era vendido por míseros US$ 260. Foi o primeiro automóvel a ser exportado e/ou montado em praticamente todos os continentes, antecipando-se ao que viríamos chamar de globalização. Disponível até 1927, o Ford Modelo T chegou a representar 57% de toda a produção mundial de automóveis, encerrando a carreira com mais de 15 milhões de unidades vendidas – recorde que o Fusca só foi bater quase cinco décadas mais tarde, em 1972.
Fã incondicional da marca Ford e admirador profundo do que o Modelo T representa, o industrial paulistano César Augusto Ramos, 55 anos, é hoje proprietário de quatro versões do carro – estima-se que existam menos de 500 unidades no Brasil. “Henry Ford foi o primeiro a pensar num automóvel para as massas e a produzir um carro que até seus funcionários conseguiam comprar, algo raro até mesmo nas montadoras atuais”, argumenta. De carro do povão à peça cobiçada de coleção, um Modelo T pode custar hoje cerca de R$ 70 mil. Mas ao menos os exemplares de Ramos continuam a serviço da população: “Além de participarem constantemente de produções de época na televisão, dois deles fazem parte do acervo do Museu da Imigração na capital paulista, podendo ser vistos e admirados por qualquer cidadão”.