O automobilismo de antigamente era feito com espaço de sobra para barriguinhas salientes
O automobilismo de antigamente era feito de carrões como o Ford Speedster, que ofereciam espaço de sobra para pilotos de barriguinhas salientes
O padrão esbelto que impera no mundo da moda invadiu, nas últimas décadas, o automobilismo de competição. Basta comparar os carros de antigamente com os atuais. Idem para os pilotos: alguns dos melhores do passado não poderiam estar atrás do volante hoje, porque simplesmente não caberiam no carro. Numa época de amadorismo no esporte, poucos se viam como atletas, e muitos chegavam a cultivar proeminentes barriguinhas.
Entre os carros, até o início dos anos 1960, reinavam nas pistas os modelos conhecidos popularmente como “charutinhos”, de formato cilíndrico, dotados de pesados e potentes motores dianteiros. Eles deixavam amplo espaço para o condutor, que devia ser forte o bastante para suprir a ausência de cintos, segurando-se firmemente ao volante para não ser ejetado a cada curva. Universo bastante diferente do atual, em que cockpits são projetados para pilotos de estatura e porte de jóquei.
Com peso considerado ideal para um homem de 42 anos, o empresário e dublê de piloto Marcelo Caslini revive o passado ao volante de seu Ford Speedster 1929 – digno representante dos tempos em que o excesso de tecido adiposo não impedia ninguém de pilotar –, usado apenas em provas reservadas a exemplares clássicos. “Naquela época era tudo muito menos profissional, da construção dos carros à falta de consciência, entre os pilotos, de que um melhor preparo físico poderia resultar em vantagem sobre os adversários”, analisa Caslini.
Só perde pro Piquet
Com o passar dos anos, a competição ficou mais acirrada e os pilotos transformaram-se em verdadeiros atletas. Esse perfil permitiu aos projetistas construírem modelos cada vez menores e mais eficientes. Ou seja, não só os condutores emagreceram, mas os carros também. “Quanto menos a massa corpórea do piloto influenciar no conjunto, melhor será seu desempenho”, destaca Caslini. Com seu Speedster 1929, o empresário ficou em segundo lugar na corrida de carros antigos Pé na Tábua, realizada em Franca (SP) em janeiro, atrás apenas de um ex-piloto magrinho chamado Nelson Piquet.