Perguntas Essenciais e suas Respostas

por Luiz Alberto Mendes

 

Respostas

 

As perguntas mais difíceis de se fazer são aquelas que mais tememos responder. Porque a resposta sempre nos coloca em cheque. Uma das mais constantes é aquela: estou satisfeito com a vida que estou levando? Dificilmente estamos. Somos uma liberdade a se realizar, precisamos sempre mais e mais. Cansa, mas é assim que somos.

A pergunta sequente complica mais ainda: O que é possível fazer, se não satisfeitos? Tudo se a vontade for poderosa. Nada se mirarmos os obstáculos como intransponíveis. A mais cômoda das palavras é não. Termina com qualquer complicação. Os problemas se iniciam quando a palavra é sim. Sim desencadeia processos que nos obriga a tomar decisões. Viver então é decidir. Victor Civita afirmou: “Se eu tivesse aceito a centésima parte dos não que recebi desde que cheguei ao Brasil, todas as empresas que fundei não existiriam.”

Pelo que percebo, vive melhor quem não se fixa. Quem se esforça e insiste. O método que se usou para chegar a qualquer objetivo é o mesmo que nos fez chegar até aqui. Na verdade nós apenas vivemos e nos iludimos pensando que seguimos em alguma direção.

Outra coisa que às vezes desgasta é isso de todo o tempo que perdemos para estarmos vivos. É tanto tempo cuidando de coisas desimportantes e que são importantes também porque é de forma sedimentar que se compõe a vida. Roupa, alimentação, higiene, educação e mais um monte de situações que quase nos rouba todo tempo de viver. Isso sem falar no trabalho para ganhar o pão.

Às vezes fico pensando: bem que a vida podia se encolher aos poucos momentos em que ela é cheia de significados. Momentos excitantes, efervescentes e de grandes transformações. Aqueles em que nos sentimos 100% vivos, com o sangue a correr célere pelas veias. O resto dos dias bem podiam não haver acontecido. Porque todo esse trabalho para apenas viver cansa. Mentira o aforrisma em que Nietzsche afirma que o que não nos mata nos deixa mais fortes. O que não nos mata nos tira a vontade de viver. Essa canseira, toda essa parafernália que criamos para viver nos oprime e mata aos poucos a vontade de viver.

De verdade, a gente já não consegue mais nos mover de nós. Nossas necessidades não deviam ser nossas motivações. Isso de reencarnação, se não for verdadeiro, devia ser. Porque tudo o que precisamos é algumas doses a mais de vida. O que temos me parece pouco. É tanta coisa para resolver que não dá tempo de viver. Ou viver é isso mesmo, essa perda de tempo toda?

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Luiz Mendes

01/11/2010.

                                            

 

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