Sexo é assunto íntimo demais para virar verdade. Todos mentem de uma forma ou de outra
SEXO E FIDELIDADE
Sexo é assunto íntimo demais para virar verdade. Todos mentem de uma forma ou de outra. No paralelo ou no oficial, escondemos porque muito pouco sabemos acerca, mesmo sendo nós os mais diretamente envolvidos.
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Raríssimos são os que não traem. A monogamia, esta mais que claro, é produto cultural e não natural na espécie humana. A poligamia resiste em boa parte do planeta. Penso que, por conta da condição humana, a prática sexual não deveria ser enquadrada por verbo tão agravante quanto “trair”. Infidelidade não é prova de falta de caráter. Esta mais para falha na prática da cultura humana. Coisa que pode ser apreendida no tempo. A fortaleza para se rejeitar a uma tentação é decisão que pertence ao momento. O que virá a seguir é sempre surpreendente. Não se pratica infidelidade contra alguém. E sim em favor próprio. Há traições maiores que não são tão agravadas. Existe quem proceda com hiper fidelidade com a esposa e pague um salário miserável a seus empregados. Há presidentes fidelíssimos, mas que quase levaram seus países à falência. Assim como outros que foram descaradamente infiéis, ao ponto de se propor impechament, mas que aumentaram o BIP, o índice de empregos e a economia de seus países como nunca visto. Quem traiu?
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Ninguém esta livre de ser infiel. Acredito até que, se bem entendido e praticado, manter a fidelidade (e ai só vale se por opção), deva ser o ideal. Mas fazemos acontecer e por “n” razões. Nem todas pecaminosas, algumas até justificáveis e todas humanamente compreensíveis. É claro, quando o caso é pessoal as reações de cada um de nós podem ser as mais absurdas e improváveis possíveis. Mas isso diz respeito somente aos implicados na história. De fora ninguém pode se arvorar em juiz. O moralismo jamais foi desculpa para ninguém se meter na vida de ninguém.
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Pensando.
Olho ofegante na janela escancarada para a realidade, meus olhos se turvam e uma surdez súbita embaralha o silêncio, esfarelando os nervos de pura inconsistência.
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Procuro viver uma atitude debochada, até com um olhar complacente, certo de que nada deve ser levado muito a sério, pois que tudo é absolutamente relativo. Sei que isso é altamente transgressor, relevo sempre e pago o preço.
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Escrevo. Faço isso como um ato ardente, um sopro caliente, como o vôo dos pássaros noturnos nessa tarde sufocante.
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Em nossa mente de pessoas adestradas nas normas sociais vigentes, realidade é o que nós fingimos e desejamos que seja, e ficção é como as coisas são de verdade e da qual fugimos apavorados. Não é o que vemos que mexe conosco, mas sim o que imaginamos a partir do que vemos.
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Aos 50 anos temos mais passado que futuro, evidentemente. Portanto, mais conteúdo que forma, mais bagagem que planos. Mas poderemos estar mais acomodados e sem energias para começar qualquer coisa que valha a pena.
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Às vezes tenho a nítida impressão que vivemos atordoados. Não sabemos e nem queremos saber. Ficamos bestializados pela urgência de nossas vidas, aceitando o intolerável e o inconcebível, delegando decisões, poderes e a condução de nossas vidas a um bando de mentirosos que nos enganam porque gostamos.
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Na maioria das vezes me considero burro, estúpido mesmo. Claro que sempre sou obrigado a mudar de idéia rapidamente para poder sobreviver.
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Estive no Rio de Janeiro até ontem. Participei de uma conversa (era para ser debate) com Rodrigo Pimentel, autor de “Elite da Tropa”, mediados pelo Fernando Luna, Diretor de Redação da Revista Trip. Gostei, aprendi bastante, o sujeito tem um conhecimento avançado sobre polícia e crime. Claro que há baixos, por exemplo quando o assunto foi tortura (terrível para quem já foi torturado barbaramente como fui). Ele não quis dizer nada, mas acabou confirmando o escrito em seu livro. Noutros campos, como honestidade e visão social, ele dá show. Tiramos fotos para sairmos na capa da revista Trip do mês que vem. A conversa sairá nas “Páginas Negras” da revista, quem viver verá. No conjunto da ópera, considerei interessante a conversa, embora tenha me chocado profundamente. Perguntado sobre quantos seres humanos (bandido, traficante parece que não é considerado como tal no livro) ele havia matado, respondeu que apenas dois. Mas como, diante do que havíamos conversado das ações do BOPE? Explicou que as mortes produzidas nas incursões, eram em equipe e contabilizadas apenas como baixas do inimigo. E os inocentes mortos de bala perdida? Eram treinados para matar e estavam ali porque havia traficantes e bandidos no local, logo eles eram os culpados.
Luiz Mendes
14/09/2009.