Lutador brasiliense fala sobre preparação antes do UFC Rio e a luta contra David Mitchell
Aos 30 anos de idade, ele é um policial de operações especiais brasiliense e uma das maiores promessas do MMA brasileiro no cenário internacional. Carregando um cartel respeitável como profissional, o meio-médio tem 13 vitórias, sendo oito por submissão e duas por nocaute. Desde que chegou no UFC, maior liga profissional da modalidade, Paulo Thiago enfrentou seis lutas com três vitórias (só uma por pontos) e três derrotas sem nenhuma por nocaute. No UFC 134, a ser realizado no Rio de Janeiro no dia 27 deste mês, ele enfrenta o americano David Mitchell (12-1-0) e luta no Brasil pela primeira vez desde setembro de 2008.
Treinando forte em Brasília nesses últimos dias de preparação para o UFC Rio, Thiago encontrou um tempo no seu apertado cronograma e conversou com a Trip sobre os últimos dias de treino antes da luta, sobre o combate diante da torcida brasileira e sobre o sonho do cinturão de campeão dos meio-médios, um objetivo a longo prazo que o brasileiro almeja alcançar no futuro. Mestre no jiu-jitsu e um boxeador excelente, Paulo estudou o adversário por muitos meses e está preparado para encarar a pedreira no Rio de Janeiro.
"Eu estou muito feliz de poder lutar nesse evento. Quando anunciaram que ia ter um UFC no Brasil eu fiquei na expectativa de ser chamado, mesmo porque eu já estava a um bom tempo sem lutar, me recuperando de uma cirurgia. E conforme foram aparecendo ais brasileiros no 'card' eu já fiquei que nem um jogador de futebol que espera ser convocado para a Seleção", ri o bem humorado lutador brasiliense. "Quando meu nome apareceu eu fiquei muito feliz. Só tenho a agradecer a organização do UFC por essa oportunidade de poder lutar em casa. Me preparei bastante para fazer uma boa luta e poder trazer a vitória."
Às vésperas do que será a mais importante luta de sua carreira no UFC até agora, tranquilidade é a palavra chave para Thiago. Seu oponente tem um cartel quase perfeito como profissional, tendo perdido apenas uma luta, justamente na sua estreia no torneio de elite do MMA mundial. Por decisão unânime dos juizes, David Mitchell perdeu na estreia para o também americano TJ Waldburger em setembro do ano passado. Mas não se engane: Mitchell sabe muito de jiu-jitsu e não é de graça que ele passou mais de cinco anos com um recorde perfeito lutando em competições menores.
"Nós analisamos bastante os vídeos dele. Ele é um lutador que está vindo de derrota, mas foi a única derrota da carreira dele. Fora essa luta foram 11 vitórias e 8 por finalização. Ele é um ótimo lutador de chão, um verdadeiro finalizador", elogia consciente o lutador brasileiro, demonstrando respeito pelo rival. "Ele tem uma trocação razoável, se segura bem no boxe, mas o ponto forte dele é mesmo no chão. Eu treinei em cima dos erros e dos acertos dele, para me aproveitar ao máximo do que a gente sabe sobre o Mitchell."
"Temos que forçar os pontos fracos dele", continuou Paulo. "Eu estou muito motivado, me preparando sem sentir pressão. Eu estou vindo de duas derrotas e tenho que mostrar serviço agora. Eu me empenhei ao máximo em todos os treinos e estou muito confiante de que essa foi a melhor preparação que eu já fiz para uma luta. Estou bem treinado, preparado e tenho certeza de que vou chegar e fazer uma boa luta."
Males que vem para o bem
Depois de atropelar o kickboxer americano Mike Swick em fevereiro de 2010, Paulo Thiago teve duas lutas duríssimas no UFC nas quais terminou derrotado por decisão dos juízes. Primeiro para o dinamarquês Martin Kanpan no UFC 115, depois para o americano Diego Sanchez (na foto ao lado) no UFC 121. Mas mesmo com as duas derrotas seguidas, o lutador brasileiro tem consciência de que foi bem contra os dois oponentes e não se deixou abalar pelo resultado. Sem querer forçar um "tudo ou nada", ele comentou o aprendizado conseguido com cada uma dessas duas lutas.
"As derrotas te ensinam dez vezes mais do que as vitórias. Nós comemoramos muito quando ganhamos e pensamos que fizemos tudo certo. Mas é quando você perde que é preciso colocar a mão na consciência e ser honesto consigo na hora que você perguntar: 'onde foi que eu errei', entende?", questiona o lutador. "É preciso rever tudo, saber onde foi que você errou na luta e especialmente onde foi que você errou nos treinos."
"É preciso saber exatamente o que aconteceu. Só assim para não cometermos os mesmos erros. Todas as minhas derrotas foram por pontos e todos os lutadores para quem eu perdi estavam entre os dez melhores de nossa categoria. Então eu só perdi para os melhores lutadores. Claro que essas duas derrotas fortam difíceis, afinal eram lutadores muito duros. Mas eu aprendi bastante com essas derrotas e agora estou preparado para consertar o que eu fiz de errado."
Os próximos passos na carreira ainda são dúvida para Thiago. Com a cabeça absolutamente focada no próximo combate, o policial-lutador nem gosta de pensar muito em uma chance de lutar pelo título antes de chegar de fato ao topo de sua categoria. Mesmo assim, como todo lutador talentoso e bem preparado, Paulo sonha com a chance de receber o cinturão dos meio-médios da maior liga de MMA do planeta.
"Ainda é muito cedo para eu falar em lutar pelo título. Eu procuro me preparar e encarar uma luta de cada vez, com um round de cada vez. Eu tenho que chegar no Rio e vencer essa luta primeiro para depois começar a pensar no próximo combate e no próximo adversário. Se você começa a pensar muito lá na frente pode não ver um obstáculo que está muito mais próximo. Então eu procuro não pensar muito nisso e encarar uma luta de cada vez", concluiu.