Em Ramallah, cidade cosmopolita da Palestina, nosso repórter especial quase apanha
Ontem, 22/05, quase apanhei em Ramallah. Esta é uma das principais cidades da nação palestina, um lugar muito diferente daquele que tinha em mente. Percebi o quanto a informação que chega aí no Brasil é, de certa forma, carente. Nunca concordei com o método que as grandes empresas de comunicação do Brasil adota, abastecendo seus leitores com notícias enviadas pelas agências internacionais. Então, lemos todas as semanas reportagens nos principais jornais e nas principais revistas e somos obrigados a engolir o que os repórteres norte americanos, franceses, ingleses vêem e entendem. O factual vá lá, mas o olho deles é diferente do nosso. O que é importante para eles, muitas vezes não é importante para nós. Ramallah é cosmopolita, com um bom comércio, carros importados circulando, algumas famílias ricas e dinheiro rolando. Um dos meus objetivos em Ramallah era encontrar um brasileiro chamado Munir. Viajei quase uma hora com o motorista que adotei como meu tradutor, o Yousef Mansour, e chegamos ao principal mercado da cidade, onde o Munir tem um loja de alimentos. Fui muito observado pela multidão de camelôs, pequenos comerciantes e transeuntes que não estão acostumados a ver um estrangeiro por aquelas plagas. Fui obrigado a me identificar algumas vezes na rua, mas dando uma volta pelo mercado, uma espécie de Rua 25 de Março,fui brutalmente assediado pelo segurança local. Ele era grande e falava alto comigo. Não entendia, e as pessoas começaram a se aproximar. Logo, um pequeno tumulto estava formado em minha volta. Ramallah é o local onde três soldados israelenses infiltrados foram capturados, linchados e atirados pela janela de uma delegacia que, por coincidência, ficava há alguns metros de onde estava. Bem, queriam ver a minha identificação de jornalista e, como falavam todos de uma vez, eu não entendia. Gritavam e eu levantava os braços. Consegui tranqüilizar o povo e levar o segurança até a loja do brasileiro, que desfez o mal entendido. Analisando os fatos, eles estavam certos. Se há alguns meses, três israelenses passeavam infiltrados, é de se esperar que a minha presença narua causasse algumas dúvidas. Pedi desculpas e procurei que eles entendessem que estavam certos. No dia seguinte, o mesmo segurança me viu, se aproximou e me tascou dois beijos na cara. Nada a ver, minha gente, é um hábito muçulmano dois homens circularem pela rua de mãos dadas e se beijarem quando se encontram.F.Shalom. SalamaleikunO repórter Fernando Costa Netto viaja a convite da Lufthansa, Linhas Aéreas Alemãs.Fale com ele: fcnetto@uol.com.brMais boletins: Boletim I: Check in - 18/05Boletim II: Paz - a perder vista - 19/05Boletim III: De gaiato no escritório de Arafat - 21/05