por Redação
Trip #99

A história de Hunter S. Thompson, mestre do jornalismo Gonzo e pai bastardo do Arthur Veríssimo

Você é editor de uma revista. Envia um repórter para cobrir uma corrida de motos e lhe dá um dinheiro para despesas. O sujeito torra tudo com drogas, carros, faz contas estratosféricas em hotéis - sai sem pagá-las -, arruma problemas com a polícia e ainda desiste da pauta.

Qual o resultado? Desemprego?

Não no caso do norte-americano Hunter S. Thompson. Ele virou símbolo de um jeito inconformado de escrever e se comportar, e até um estilo de se vestir. Thompson fez fama nos anos 70 escrevendo sobre política e sociedade na revista Rolling Stone, sempre a partir de um ponto de vista recheado de humor e bizarrices.

Sua maior influência era William Faulkner, escritor que dizia: a verdade se parece mais com a melhor ficção que com jornalismo. Thompson acrescentava marginalidade e subversão ao já revolucionário new journalism de Truman Capote, Tom Wolfe e Gay Talese - todos críticos da idéia de que o jornalista pode ser objetivo e isento, e adeptos de uma reportagem que se utiliza de técnicas ficcionais.

De todos, Thompson era o que ia além nessa filosofia de contar histórias reais como se fossem literatura - e ria tanto do fato quanto do repórter, mostrando o quanto a sociedade pode ser absurda e surreal.

Homem-roubada

Thompson se metia em todo tipo de roubada, desde participar de convenções antidrogas chapado de mescalina até usar armas ilegalmente. Para amenizar os problemas, arranjou um pseudônimo (Raoul Duke) e um advogado.

Só que o bacharel era tão ou mais junkie do que o repórter e dava conselhos tipo tome éter e dirija. Lendo suas reportagens, o jornalista norte-americano e amigo pessoal de Thompson, Bill Cardoso, disse: Isso está totalmente gonzo.

Thompson adorou o termo inventado por Bill e passou a dizer que fazia jornalismo gonzo (daí o apelido de seu lendário advogado, Doutor Gonzo). A história foi para o cinema na bem-sucedida versão de Medo e Delírio em Las Vegas (disponível em vídeo), do diretor Terry Gilliam, com Johnny Depp no papel de Thompson e um gordo e excelente Benicio del Toro vivendo Doutor Gonzo.

Alucinado, como nos anos 70, Thompson vivia isolado em Aspen, no Colorado, escrevendo colunas para a ESPN. Sempre perpetuando seu lema: when the going gets weird, the weird turn pro, algo como: quando as coisas são bizarras, a bizarrice fica profissional.

Leia mais sobre o assunto no site www.gonzo.org.

Por Eduardo Fernandes.

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