O Paroxismo da Dor

por Luiz Alberto Mendes

 

A Dor

                          Para Simone, com profundo respeito e afeto.

Quando a dor vem e nos pega de surpresa, nus, o resto de nós se derrama em nossas mãos. Fluímos todas as tristezas novas e antigas. Para nos defendermos, vivemos um sonho de não sermos mais nós mesmos. Então uma pena de nós mesmo se esparrama por toda nossa capacidade de sentir. Um vazio se descola da boca do estômago e a dor insiste em suores frios, apalpando nossos nervos com luzes mortiças. Uma febre, uma demência nos faz pensar em nosso próprio aniquilamento. Desejamos morrer. Já, naquele instante, sem mais tardar. As horas ficam extremas, implacáveis horas que britam o frágil vidro da nossa sanidade. Respiramos todo ar em torno e nos perguntamos por que exatamente nós? Como aguentamos tudo aquilo, nos perguntamos. Mas como não aguentar? O que fazer? Morrer? Mas como? Caso apenas o desejo bastasse... Pisamos poças de dor no rastro amargo das horas que se sequem. Só nos resta chorar porque chorar é surpreendente como a chuva no rosto: cada gota tem sua própria claridade...

                                           **

Luiz Mendes

Madrugada/08/11/2012.

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