Fabien Cousteau cria submarino em forma de tubarão para provar que o animal é gente boa
Quando ia fazer 4 anos de idade, o pequeno Fabien pediu para trocar sua festinha de aniversário por uma hora e meia de mergulho, com tanque de oxigênio e tudo, na piscina de casa. A comemoração atípica faz todo o sentido: o garoto, hoje um homem de 45 anos, é neto de Jacques Cousteau, cineasta, oceanógrafo e mergulhador francês que desvendou e registrou como ninguém o mundo debaixo d’água.
Desde então, a água é o habitat de Fabien. Em parceria com o pai, Jean-Michel, e a irmã, Céline, produziu a série de TV Ocean Adventures. E é também fundador da Plant-a-Fish, organização que ensina comunidades carentes a reequilibrarem ecossistemas a partir do cultivo de novas espécies marinhas. Em 2004, ele deu ao mundo o que considera sua obra-prima: Troy, um submarino igual a um tubarão, que serviu para uma interação inédita com os temidos animais.
De onde veio a ideia do submarino?
Desde criança queria ser um tubarão. Pensava: “como deve ser bom ser o rei dos peixes”. Isso ficou para sempre na minha cabeça. Já adulto, e tendo convivido com eles minha vida toda, começou a me incomodar muito a visão do público geral acerca desses animais, causada, principalmente, por filmes como Tubarão. É uma paranoia sem razão. Para provar isso criei esse submarino. Disfarçado como um deles, tive uma interação muito maior do que quando uso aquelas gaiolas. A experiência rendeu mais de 260 horas de registro.
Li que os quadrinhos do Tintim também influenciaram você...
Sim! Sou fã dele. E o incrível é que achei o projeto do Troy na capa de um dos álbuns dele [O tesouro de Rackham, o terrível]!
Como foi o processo de produção?
Começamos em 2000 e só o colocamos na água em 2004. Tínhamos um orçamento muito apertado, então tudo foi feito na base do voluntariado.
Como é estar dentro dele?
Digamos que, se você é claustrofóbico, ele não é muito confortável. Não é muito seguro ficar dentro de um submarino feito com o mesmo material que se usa para fazer os animais do cinema. Nunca ninguém tinha colocado algo assim na água! Por isso resolvi que apenas eu entraria ali.
Qual foi a melhor cena que você presenciou enquanto “um deles”?
Foi quando havia vários tubarões nadando em volta de mim, fazendo o que sempre fazem. De repente, percebi que eles começaram a ficar irritados e depois simplesmente foram embora. Poucos segundos depois, dezenas de golfinhos vieram. E aí eu entendi tudo. Pouca gente sabe, mas golfinhos e tubarões não se dão.