Necessidade de Amor

por Luiz Alberto Mendes

 

A necessidade de amor, de afeto, de ser reconhecido como alguém no mundo, é tão vital para o ser humano que suprir essa carência rouba todo o sentido e significado de sua existência. Apossar-se das possívei fontes desse alimento dos deuses torna-se essêncial para garantir e sustentar a continuidade do processo existencial. E é deste modo que renunciamos ao amor para nos contentarmos com a posse do objeto de nosso amor. Não é a toa que Sartre afirma que quando nos aproximamos dos outros eles nos transformam em objeto. Inventamos o amor que imaginamos e não nos satisfazemos. Mentimos, como sempre. No fim é a mesma coisa: estamos ainda à procura. E dentro da melhor parte de nós, reside a esperança, a paixão (a agonizante paixão…) e a certeza de que tudo pode dar certo. Alguns diriam que é apenas otimismo; eu chamaria de instinto de sobrevivência. A vida parece sempre exigir muito mais do que oferece em sua missão de nos levar adiante, rumo ao futuro. E tudo o que precisamos é de uma maneira diferente de pensar. Perder o medo dos espinhos para conhecer o frescor das rosas. Claro, há o susto, eu vivo assustado ao pensar nas consequências todas que envolvem cada passo que dou. O tempo parece estar de tocaia; só esperando decidirmos para nos contradizer. Somos esses seres que em décimos de segundos podem cometer erros ou acertos que podem nos custar ou valer por décadas ou até a vida toda.  Amamos, mas perdemos nas pessoas o amor que temos por elas; elas nos exaurem e nos firmamos na posse. E porque não temos saída, continuamos em frente meio que sem direção, mesmo que tudo se anteponha, rumo a esse lugar obscuro que chamamos de futuro. Será que precisamos de uma grande atitude para nos sentir vivos? A vida me parece composta de pequenas, de pequeníssimas atitudes que, em seu conjunto, assumem proporções gigantescas. E já não temos mais todo o tempo do mundo; sobra apenas o tempo que nos resta. Vivemos em uma sociedade imediatista, de resultados, sem valores e que tem pressa. Carecemos de heroicidades para conquistar alguma satisfação em viver quando tudo tende a virar rotina, hábito ou vício. E tudo porque nosso hoje esta tão cheio de ontens que nós só vivemos para o amanhã. Às vezes penso que não somos capazes de ordenar nossas vidas de nenhuma outra forma senão daquela em que existimos. Somos ainda assim pequenos e tendemos a abolir a razão para substituí-la pela motivação; a verdade parece ter sido soterrada pela história das mentiras humanas. Não sabemos o que fazer com a vida que temos, somente que tudo tem limites e a nós cabe o esforço de ultrapassa-los. Não existem mais responsabilidades pessoais. Ninguém mais tem culpa de nada individulamente e todos temos culpa de tudo. As responsabilidades se tornaram coletivas, assim como as soluções. Ficou absolutamente claro que o tempo não para e nada é para sempre, por consequência a posse deixou de ter sentido e se não houver amor, o que haverá?

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Luiz Mendes

07/01/2014. 

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