Mudar sem deixar de ser

por Luiz Alberto Mendes

Transformação

 

Parece que tudo quer se transformar em outra coisa maior sem deixar de ser a si mesmo.

O barro transformado em tijolo; a areia, a pedra e o cimento reciclados em blocos de concreto, desejam se tornar em grandes edificações.

A flor anseia por asas de insetos para ser fecundada e se tornar semente. Esta, por sua vez, desespera-se por esparramar-se ao chão, criar raízes e receber a chuva para fazer-se planta e a planta para produzir flores...

O frágil carvão busca a rocha mais comprimida para ser compactado por séculos e transformar-se em diamante.

O espermatozóide disputa com outros em corrida alucinante para produzir o feto. O feto gruda com todas suas forças ao útero materno para se desenvolver e nascer bebê. O Nenê assimila o mundo rapidamente para ser criança. A criança em adolescente, jovem, adulto e velho. O velho se separa desta vida para o mistério da morte, a experiência mais radical possível.

Na edificação lá esta o tijolo, a areia e a pedra. Na planta estão as flores e o pólen. No diamante e nas pedras preciosas, a rocha e a pressão compactante. No velho estão todas suas idades e experiências. Tudo se transforma sem deixar de ser a si mesmo.

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Luiz Mendes

27/08/2010.

 

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