Exposição de Rosely Forganes mostra a saga do Timor
Nenhum brasileiro acompanhou a guerra de independência do Timor Leste como a jornalista Rosely Forganes. Ela esteve lá quatro vezes, em 99, 2000, 2001 e 2002, "quando só entravam pessoas com o kit: saco de dormir, esterilizador de água e comida".
Desde o holocausto sofrido pelos judeus, os timorenses sofreram o maior massacre em massa: 200 mil mortos. Rosely assistiu à catástrofe, sobreviveu e fez as fotos que estão expostas no metrô Clínicas em São Paulo até o dia 30 de dezembro.
As imagens são incríveis: cenas das eleições de 99 (85% da população votou a favor da independência), da posterior invasão dos militares indonésios e da destruição que eles promoveram. A cada viagem, Rosely tirava fotos do mesmo ângulo, distintas pela situação do momento, pela destruição da Indonésia e pela reconstrução dos timorenses.
Este ano Rosely criou o Timor Crocodilo Voador (há uma crença que o Timor se originou de um crocodilo voador), um grupo de discussão na internet. A parte considerada mais interessante de suas idas à ex-colônia portuguesa é o livro Queimando Queimando, Mas Agora Nosso, que conta a formação do 191o Estado reconhecido pela ONU.
A obra relata histórias da vida de timorenses como o comandante Falur, ex-combatente que se tornou chefe do exército nacional, a portuguesa Susana, que largou a família e foi ajudar os guerrilheiros, e o casal que morou no Brasil e fazia covers da Vanderléia. Escrito em tom coloquial, o título foi adotado por escolas e é, sem dúvida, um documento histórico.
Formada em História, Rosely é jornalista, correspondente em Paris há vinte anos, e ganhou o Prêmio Wladimir Herzog de Jornalismo e Direitos Humanos de 2001, pela cobertura da guerra que fez para rádio Eldorado. A parcela imagética desse trabalho premiado está exposta na mostra gratuita realizada no metrô Clínicas.
Estação Clínicas do Metrô
- Hospital das Clínicas
- De 4 a 30 de dezembro
- A partir das 6 h até a 0 h
- Entrada franca