Metal do demônio

por Carlos Nader

A poluição por mercúrio dá a dimensão exata da destruição ecológica empreendida por nós

Num campeonato mundial de toxicidade em que competissem os mais de seis milhões de materiais naturais conhecidos, o mercúrio ficaria entre o sexto e o segundo lugar. É consenso entre os químicos. Ao lado do mercúrio só estariam alguns outros poucos demônios feitos substância. Entre eles, minerais radioativos como o urânio, a matéria-prima da bomba atômica, com quem o mercúrio desfilaria na comissão de frente dos venenos ambientais.

Deduz-se que as entidades que cuidam da saúde dos homens queiram ver o mercúrio bem longe dos organismos humanos. Deduz-se errado. A droga é injetada nas crianças desde a maternidade. Uma grande parte das vacinas infantis ainda contém timerosal, substância composta em 50% de etilmercúrio, forma ainda mais tóxica do metal líquido. Etilmercúrio é um conservante.

Detesta micróbios, detesta germes, bactérias. Assim, como anti-séptico, é uma maravilha. Mas como neurotóxico também. Extermina células cerebrais e nervosas. Os sintomas de envenenamento, mesmo em baixas doses, podem incluir depressão, ansiedade, retardo mental e demência.

É difícil acreditar que uma substância assim seja injetada em recém-nascidos. ?Em mínimas doses?, dizem os defensores. Certo, a toxicidade é sempre uma questão de quantidade relativa. O veneno de um baiacu japonês pode virar uma iguaria caríssima. Na quantidade certa, apenas adormece a boca. Mas, a não ser que alguém equipare a língua de um gourmet ao cérebro em formação de um bebê, fica difícil entender a necessidade de colocar um veneno tão letal, mesmo que em baixa dose, numa vacina infantil.

Um número crescente de estudos independentes associa a contaminação mercurial a problemas neurológicos em milhões de pessoas. De reduções imperceptíveis de QI a ansiedades gritantes. De outro lado, uma série de outros estudos ligados ao establishment da saúde garante que a preocupação é infundada. A pequena quantidade contida nas vacinas seria facilmente eliminada pelo organismo.

Alguns poucos países já começam a proibir o uso em vacinas. A Organização Mundial de Saúde já declarou que não há nível seguro de mercúrio. Agora, se ?quantidade? é a palavra-chave, convém lembrar que não só as vacinas usam mercúrio. Há hoje muito desse tóxico na água e no ar.

Só os EUA despejam 200 toneladas anuais nos narizes do planeta. E dentro das bocas há mercúrio nos amálgamas dentários, que se desamalgamam em parte, ao longo da vida. Além disso, a própria quantidade de vacinas com timerosal foi triplicada no começo dos anos 90. A poluição do mercúrio é uma alegoria exata da destruição ecológica que as nossas gerações estão empreendendo. As fontes poluidoras são desarticuladas e diversas. Mas o receptor final das conseqüências vai ser sempre o corpo de cada um de nós.

fechar