Meninos da Fundação Casa

por Luiz Alberto Mendes

 

25.805

 

                    Minha matrícula no sistema

                                     prisional de São Paulo.

 

Menino vê se te cresce

Senão o mundo se acaba

E te esquece.

Afina teu ouro e tua prata

E tenha contigo

Do fundo de seus segredos

Que não salvaras senão a ti mesmo.

És uma estrela e não sabes

Porque teu brilho se apaga enquanto

A consciência de todos adormece

E invisível te tornas.

Não esqueça apenas das flores

Entre todas as coisas, quanto te fores.

Diga sempre que as ameaças não te tremem

Preferes o medo de olhos estampados

Em camisetas de dizeres pueris.

Grite, berre sua dor com seus olhos úmidos

Mesmo que seja em pleno vão.

Esqueça hopi-hares, play-centers

E os shoppings-centers lotados de nada para você.

Fale de teu sangue derramado na calçada

Das lágrimas de fome e frio que choraste

E das duras balas em troca que recebeste.

Candelárias,

Malditas candelárias e seus malditos autores!

Faça tremer aqueles que comungaram

E opinaram para teu sacrifício.

Escape de ser mais um número

E lute por ser e fazer feliz.

Menino vê se te cresce

Senão o mundo acaba

E te esquece.

                          **

Luiz Mendes

27/11/2011.

 

 

 

 

 

 

                                                                                                      

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