por Luiz Alberto Mendes

 

Às vezes tenho a nítida impressão que estamos chegando ao fim da esperança de um mundo melhor. Tudo parece caminhar para piorar mais do que já esta piorado. O homem parece que não vai mesmo pensar o outro homem como um igual. Vai se encerrar em um individualismo que nos destruirá. O egoísmo, a ganância e a desigualdade, já agora exacerbados, tomarão conta de vez.

As pessoas querem ser conhecidas porque são conhecidas, via BBB, Fazenda e noticiários sensacionalistas. E a avenida Paulista é apenas um imenso laboratório a céu aberto onde se estuda e pensa atitudes cada vez menos políticas. Alias, "política" virou palavrão, sinônimo de corrupção, abuso de poder e meio de vida para quem quer ter poder e enriquecer rapidamente. Parece o fim da ilusão política também. Há bem pouco tempo atrás, tudo parecia estar nas mãos dos políticos. A idéia é de que eles criariam leis e promoveriam movimentos que nos levariam à felicidade. Hoje políticos não são mais os homens mais inteligentes da nação. Sinto que pareço até estar falando o óbvio que todo mundo sabe. São sim os menores, os mais corruptos, falsos, vendidos, aparelhados e, de alguma forma sobreviventes de mais um fracasso humano. O mundo parece estar desabando e alguns disputam as migalhas que sobraram. Quem se dedica à política hoje em dia são aqueles que querem alguma vantagem. Na verdade, marginais reais, adversários da felicidade, da liberdade e da igualdade humana. Aqueles que acabarão com o que ainda resta.

Ser feliz hoje em dia significa diversão constante, choque, emoções fortes, distrações empolgantes, acelerações. E são essas as únicas coisas que realmente importam para a maioria. Vivemos com a sensação crescente de que caminhamos por sobre uma manta viva de areia movediça. Tudo parece precário e confuso. As convicções, os conceitos e certezas se relativizaram e em seu lugar não surgiu nada que nos dê alguma segurança. Isso porque esse não é mais um mundo para se sentir seguro. Antes é um mundo para ser ultrapassado minuto a minuto, sempre querendo transcender sem poder.

A internet, que há pouco estava sendo pensada como solução por convocar passeatas (primavera árabe; junho do ano retrasado na av. Paulista), informar a todos democraticamente  e atuações políticas, hoje é apenas uma diversão barata e acessível a todos, que dispersa energias em vez de focá-las. As pessoas assinam petições coletivas e aliviam a consciência política, dissipando disposições e forças em uma sequência infindável de distrações "interessantes".

Na verdade não sabemos o que pode acontecer no futuro, pois parece que pode de tudo, e não temos como evitar que aconteça. Estamos nas mãos de quem, o do que? Começamos Matrix ou 1984, a era das máquinas ou da alienação total?

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Luiz Mendes

08/01/2015.  

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