Estudante francesa vem fazer intercâmbio no Brasil e se descobre Trip Girl
A estudante parisiense Marielle Lefeuvre mora em um quartinho no apartamento onde o fotógrafo Pablo Saborido vive com a mulher, no centro de São Paulo. E adorou a ideia de posar para a Trip: “À tarde, ela olhava pela janela quando pedi para tirar a calcinha”, conta o fotógrafo. “Ela tirou. A camiseta continua cobrindo seu bumbum, então peço para tirá-la também. Ela olha e pergunta: ‘Nua, nua?’. “Nua, nua”, respondo naturalmente
Fotografar uma mulher nua pode ser tão interessante como banal... o que torna a coisa emocionante é a relação que você estabelece com ela naquele momento. Marielle Lefeuvre mora em minha casa e deixa qualquer situação descontraída, não representa o imaginário francês clássico. Fala alto e mexe as mãos de um jeito ao mesmo tempo charmoso e agitado. Sua risada forte demonstra seu conforto com a vida. Essa estudante de uma universidade parisiense mudou-se pra São Paulo há um ano para fazer intercâmbio, e desde então mora comigo e minha mulher, no que seria nosso quarto de empregada.
Uma manhã, bem cedo – ela acorda todo dia por volta das 7 horas –, encontro-a preparando café de short. Não resisto e comento, com minha cara ainda amassada: “Ju, você daria uma boa Trip Girl”. Sua reação foi uma gargalhada que preencheu a cozinha. Tive a sensação de que ela não percebe o quanto é uma mulher atraente aos olhos dos outros, o comentário gerou nela uma pequena alegria.
Perguntou se ganharia algo por isso, e em seguida pensou em como iria explicar para o namorado, que mora no México, como ela fez para comprar a passagem e ir visitá-lo...
Nessa mesma noite jantamos juntos e, depois de algumas taças de vinho, peguei a câmera para irmos nos familiarizando com a ideia. Marielle não sabia muito como agir, fazia caretas para a câmera, a proposta era um tanto diferente para ela. Dançamos um pouco e começamos a fazer mais cliques. Saíram registros ainda tímidos, mas que já evidenciavam que essa francesa comportada era bastante capaz de explorar sua beleza, deixando pudores de lado. Isabel, minha mulher, dava conselhos de como encarar ou não a câmera e, em meio a risadas, fizemos algumas fotos da nossa modelo iniciante.
Sábado, 10 horas. Acordo e Marielle está em pé há horas, indo e vindo pela casa, com vontade de ser fotografada. Poucos minutos depois, Fernando, maquiador que por sorte é vizinho, aparece com bolo, pão de queijo e muita disposição para arrumar o cabelo da Ju. Ele começa a penteá-la enquanto faço um chá na cozinha, ouvindo risadinhas na sala.
Nossa amiga Roberta, que também veio ajudar, chega em seguida com algumas roupas e calcinhas lindas que Ju experimenta, trocando-se na nossa frente, com a naturalidade de quem experimenta óculos na barraca do camelô no meio da rua. Acho que o fato de a Roberta estar grávida de sete meses ajuda a alimentar o clima de intimidade geral. Definidas as roupas, é hora de um novo chá. Vamos pra cozinha, ela de calcinha e cardigã e eu de câmera na mão.
Mari vai perto da janela, acima da bancada da pia, dá um golinho na xícara e deixa aparecer os peitos. Fotografo. Quando nosso chá acabou, tínhamos feito as primeiras fotos e estávamos todos ali como se a situação fosse habitual: Marielle seminua falando com minha mulher e eu fotografando tudo.
Despudorada
Chega uma hora em que ela sente fome, e sugiro comermos um ceviche. Quando ela começa a pôr a roupa eu a detenho. Falo pra não levar sutiã, em qualquer situação pode rolar uma outra foto... Na volta, já de noite, abrimos um vinho, que combina direitinho com a voz sensual de Aretha Franklin. Os limites começam a se esticar... Marielle tira a roupa e decide colocar uma calcinha mais sugestiva. A música está alta, e ela se entrega completamente à situação, dançando pela sala. Olhando a vista noturna, diz experimentar uma sensação efêmera, de controle total sobre a cidade. Lá embaixo a Virada Cultural agita o centro, e aqui em cima algo se agita no interior de Marielle, liberando-a totalmente de seu pudor.
Na manhã seguinte, Marielle está com uma jarra de água, molhando as plantas, equilibrando-se em uma cadeira para chegar nas mais altas. Seu bumbum fica numa altura que me brinda com um ângulo ótimo, o sol passando entre suas pernas, batendo no peito. Fotografo.
Ela olha pela janela e peço para tirar a calcinha. Ela tira. A camiseta continua cobrindo parte do seu bumbum, então peço para tirá-la também. Ela olha para mim e pergunta: “Nua, nua?”. “Nua, nua”, respondo.
Com o sol indo, voltamos para nossa vida, aquela que não pode ser capturada pelas lentes. A câmera se vai, mas a beleza descoberta dessa mulher de 24 anos permanece.